sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Onze anos da morte de Dom Helder

          
        Grande ícone da luta em favor dos pobres no Brasil, Dom Helder Câmara, nasceu em Fortaleza, no Ceará, mas foi no Rio de Janeiro e em Pernambuco que exerceu o seu ministério. Ele faleceu em 27 de agosto de 1999, mas seu testemunho continua vivo em toda a Igreja.
           Dom Helder Pessoa Câmara, homem de passos firmes, palavras eloqüentes e gestos marcantes. Sua opção e luta pelos pobres caracterizaram o seu apostolado. Foi bispo auxiliar do Rio de Janeiro por 12 anos e na Arquidiocese de Recife - Olinda dedicou grande parte de seu ministério.
          Com seu jeito manso conquistava o coração dos fiés, mas também de figuras importantes como o Papa Paulo VI e, por João Paulo II era chamado de "irmão dos pobres. Meu irmão".
          No dia 14 de outubro de 1952 teve início a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Dom Helder presidiu a primeira reunião. Ao criar a Conferência ele fez notar ainda mais sua vocação de Pastor, preocupado com o bem-estar religioso e social do povo. Ele afirmava que o bispo deveria ser antes de tudo apoio e testemunha do amor de Cristo.
          Dom Helder ganhou projeção internacional ao participar do Concílio Vaticano II, em 1962. A luta em favor dos pobres o tornou conhecido entre os bispos.
         Tornou-se conhecido em diversos países que o convidavam para falar sobre a sua luta social. Foi indicado até mesmo ao Prêmio Nobel da Paz.
        Com o tempo passou a ser chamado apenas de Dom, mas não por ser apenas uma abreviação, mas porque muitos descobriram nele o Dom da paz, Dom do Amor e Dom de Deus para a Igreja.

Biografia

Nomeado Arcebispo de Olinda e Recife pelo Papa Paulo VI, em 12 de março de 1964.

Nasceu em Fortaleza, Ceará, em 7 de fevereiro de 1909.

Sacerdote secular, fez seus estudos de Filosofia e teologia, no Seminário de Fortaleza. Ordenou-se em 15 de agosto de 1931 em Fortaleza.

Sagrado em 20 de abril de 1952, como Arcebispo Auxiliar do Cardeal D. Jaime Câmara e Arcebispo Titular de Salde, sua posse como Arcebispo de Olinda e Recife, foi realizada, em 12 de abril de 1964.

          Transferindo-se em 1936 para a Arquidiocese do Rio de Janeiro, exerceu importantes cargos, antes de nomeado para. Arcebispo Auxiliar do Cardeal D. Jaime Câmara. Dedicado aos assuntos de educação, ocupou funções relevantes neste setor. Escolhido pelo Cardeal Câmara para o lugar de Bispo Auxiliar, desenvolveu incansável atividade em problemas relativos ao movimento da Igreja, no Brasil. Manifestou a idéia da organização da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o que foi autorizado posteriormente, tendo ele sido nomeado lº Secretário Geral da CNBB. Foi Assistente Nacional da Ação Católica. Em 1955, recebeu o encardo de preparar o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro. Participou ativamente da fundação do CELAM e da sua 1ª Conferência Geral, em 1955, representando o episcopado brasileiro em diversas ocasiões, naquela entidade latino-americana. Chegando ao Recife, em abril de 1964, numa época de enorme agitação política e social, enfrentou, com rara coragem e firmeza, o ideal de justiça e paz, usando sempre edificante espírito de caridade, unido às necessidades do povo. Trabalhando pelo desenvolvimento da sua Arquidiocese.
         Sempre presente às reuniões do Clero e movimentos de evangelização, procura viver ao lado do seu povo em visitas pastorais e pela palavra, através da Rádio Olinda, em comunicação diária. Realiza viagens ao exterior, atendendo a constantes convites de instituições estrangeiras para realização de conferências em diversos países da Europa, assim como nos Estados Unidos da América do Norte. Escreveu vários livros, já traduzidos em numerosas línguas.
          Faleceu em 27.08.1999.

Encontro de casais com Cristo

      
           O Encontro de Casais com Cristo – ECC – é um serviço da Igreja, em favor da evangelização das famílias. Procura construir o Reino de Deus, aqui e agora, a partir da família, da comunidade paroquial, mostrando pistas para que os casais se reencontrem com eles mesmos, com os filhos, com a comunidade e, principalmente, com Cristo. Para isto, busca compreender o que é "ser Igreja hoje" e de seu compromisso com a dignidade da pessoa humana e com a Justiça Social.
       A evangelização do matrimônio e da família é missão de toda a Igreja, em que todos os fiéis devem cooperar segundo as próprias condições e vocação. Deve partir do conceito exato de matrimônio e de família, à Luz da Revelação, segundo o Magistério da Igreja (Orientações pastorais sobre o matrimônio – CNBB Doc. Nº 12) (DN-pág. 13)
        A nossa Paróquia fará neste final de semana, (27,28 e 29 de agosto) o seu X ECC e queremos contar com a oração de todos para que os casais que irão fazer e trabalhar sintam de fato a presença de Deus e se abram a novidade de seu Evangelho.
                                                                           Rezemos por nossos casais que disseram sim a causa de Deus.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ESPECIAL: SEMANA DA FAMILIA - Família Santuário da Vida


      O Papa João Paulo II chama a família de “ Santuário da vida” (CF, 11). Santuário quer dizer “lugar sagrado”. É ali que a vida humana surge como de uma nascente sagrada, e é cultivada e formada. É missão sagrada da família, guardar, revelar e comunicar ao mundo o amor e a vida. O Concílio Vaticano II já a tinha chamado de “a Igreja doméstica” (LG, 11) onde Deus reside, é reconhecido, amado, adorado e servido; e ensinou que: ´A salvação da pessoa e da sociedade humana estão intimamente ligadas à condição feliz da comunidade conjugal e familiar´ (GS, 47). ´Desta maneira a família, na qual convivem várias gerações, que se ajudam mutuamente em adquirir maior sabedoria e em hamonizar os direitos pessoais com outras exigências sociais, constitui o fundamento da sociedade´ (GS, 52). Jesus habita com a família cristã nascida no Sacramento do matrimônio.
        A sua presença nas Bodas de Caná da Galiléia significa que o Senhor ´quer estar no meio da família´, ajudando´a a vencer todos os seus desafios. Essas duas expressões exprimem bem o sentido profundo da família. Desde que Deus desejou criar o homem e a mulher “à sua imagem e semelhança” (Gen 1,26), Ele os quis “em família”. Tal qual o próprio Deus que é uma Família em três Pessoas divinas, assim também o homem, criado à imagem do seu Criador, deveria viver numa família, numa comunidade de amor, já que “Deus é amor” (1 Jo 4,8) e o homem lhe é semelhante. Na Carta às Famílias, que o Papa João Paulo II escreveu em 1994, afirma que: “Antes de criar o homem, o Criador como que reentra em si mesmo para procurar o modelo e a inspiração no mistério do seu ser ...”(CF, 6). Todos os seres criados, exceto o homem, já nascem dotados de tudo o que precisam para se tornarem completos na sua natureza. Conosco é diferente; pois Deus nos quis semelhantes a Ele e construtores do nosso próprio futuro. É o que Deus disse ao casal: “Crescei, multiplicai, e dominai a terra”. (Gen 1,28) Na visão bíblica, homem e mulher são chamados a, juntos, continuar a ação criadora de Deus, e a construção mútua de ambos. Só ao casal humano dá a inteligência para ver, a liberdade para escolher, a vontade para perseverar e a consciência para ouvir continuamente a Sua Voz. Esta é a alta dignidade que Deus confere à criatura feita à sua imagem. Para corresponder a esta grandeza dada pelo Criador, o homem deve viver a sua liberdade com responsabilidade. Pecar será sempre abusar da liberdade que Deus nos deu; isto é, vivê´la sem responsabilidade e verdade. “Ponho diante de ti a vida e a morte, a benção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas com a tua posteridade, amando o Senhor teu Deus, obedecendo a sua voz e permanecendo unido a ele” (Dt 30,19´20).
       Ao falar da família no plano de Deus, o Catecismo da Igreja Católica (CIC), diz que ela é “vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é o reflexo da obra criadora do Pai” (CIC, 2205). Essas palavras indicam que a família é, na terra, a marca (“vestígio e imagem”) do próprio Deus, que, através dela continua a sua obra criadora. Desde que existe a humanidade existe a família, e ninguém jamais a pôde ou poderá destruir, pelo fato de que ela é divina; isto é, foi instituída por Deus. Como ensina o nosso Catecismo, ela é “a célula originária da vida social”. “É a sociedade natural na qual o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida” (CIC, 2207). A família é o eixo da humanidade, é a sua pedra angular. O futuro da sociedade e da Igreja passam inexoravelmente por ela. É alí que os filhos e os pais devem ser felizes. Quem não experimentou o amor no seio do lar, terá dificuldade para conhecê´lo fora dele. “A família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, em que se pode começar a honrar a Deus e a usar corretamente da liberdade.
       A vida em família é iniciação para a vida em sociedade” (CIC, 2207). O Concílio Vaticano II definiu a família como “íntima comunidade de vida e de amor” (GS, 48). O mesmo Deus que num desígnio de pura bondade criou o homem e a mulher, os quis em família: “Não é bom que o homem esteja só; vou dar´lhe uma ajuda que lhe seja adequada” (Gen 2,18). Depois de ter criado a mulher “da costela do homem” (v. 21), a levou para ele. Este, ao vê´la, suspirou de alegria: “Eis agora aqui, disse o homem, o osso dos meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher ...” (v. 23) Após esta declaração de amor tão profunda ´ a primeira na história da humanidade ´ Deus, então, mostra´lhes toda a profundidade da vida conjugal: “Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne”. (v. 24) É significativo que, em hebraico, as palavras homem e mulher tenham a mesma raiz: ish e ishá. Depois de criar o homem e a mulher, Deus lhes disse: “Crescei e multiplicai´vos, enchei a terra e submetei´a. Dominai ...” (Gen 1, 28). Este é o desígnio de Deus para o homem e para a mulher, juntos, em família: “crescer”, “multiplicar”, “encher a terra”, “submetê´la”.
       E para isso Deus deu ao homem a inteligência para projetar e as mãos para construir o seu projeto. Com isso o homem e a mulher vão “dominando” tudo, desde o microcosmo das bactérias, vírus, moléculas, átomos, etc., até o macrocosmo das estrelas e galáxias. Já o salmista exclamava : “Que é o homem, digo´me então ...? Entretanto, vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e de honra o coroastes. Destes´lhes poder sobre as obras de vossas mãos, vós lhe submetestes todo o universo ...” (Salmo 8,4´7). Nestas palavras de Deus: “crescei e multiplicai´vos” encerra´se todo o sentido da vida conjugal e familiar. Desta forma Deus constituiu a família humana, a partir do casal, para durar para sempre, por isso, A FAMÍLIA É SAGRADA ! Neste contexto vemos que o homem não pode estar só, falta´lhe algo para a realização completa do seu ser humano. Vemos aí toda a importância e beleza do matrimônio que enriquece o casal na sua complementaridade. Esse era o plano de Deus quando “criou o homem...criou´o homem e mulher”(Gen 1,27).
         Vemos aí também a dignidade, baseada no amor mútuo, que levam o homem e a mulher a deixarem a própria casa paterna, para se dedicarem um ao outro totalmente. Este amor é tão profundo, que dos dois faz um só, “uma só carne”, para que possam juntos realizar um grande projeto comum : a família. Daí podemos ver que sem o matrimônio forte e santo, não é possível termos uma família forte e santa, segundo o desejo do coração de Deus. Quando os fariseus colocaram Jesus à prova, e perguntaram sobre o divórcio, o Senhor lembrou o começo da história da humanidade, em que por vontade de Deus, um homem e uma mulher unem´se tão estreitamente, e de modo tão absoluto, que se tornam “uma só carne”. “Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne?” Então, a conclusão de Jesus é a mais lógica: “Não separe o homem, o que Deus uniu”( Mt 19,6). Tudo isto mostra como Deus está implicado nesta união absoluta do homem com a mulher, de onde vai surgir, então, a família. Por isso não há poder humano que possa eliminar a presença de Deus no matrimônio e na família. Deus vive no lar nascido de um matrimônio. Na missa que o Papa celebrou na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, em outubro de 1997, ao comentar a presença de Jesus e de Maria nas Bodas de Caná, disse: “Não será legítimo ver na presença do Filho de Deus, naquela festa de casamento, o indício de que o matrimônio haveria de ser o sinal eficaz de sua presença?” Isto nos faz entender que a celebração do sacramento do matrimônio é garantia da presença de Jesus no lar alí nascente.
        Como é doloroso perceber hoje que muitos jovens, nascidos em famílias católicas, já não valorizam mais este sacramento, e acham, por ignorância religiosa, que já não é importante subir ao altar para começar uma família! Toda esta reflexão nos leva a concluir que cada homem e cada mulher que deixam o pai e a mãe para se unirem em matrimônio e constituir uma nova família, não o podem fazer levianamente, mas devem fazê´lo somente por um autêntico amor, que não é uma entrega passageira, mas uma doação definitiva, absoluta, total, até a morte. Este é o projeto maravilhoso de Deus ao desejar que a humanidade existisse neste nosso mundo, em família. Ela é o arquétipo, o modelo de vida que o Senhor Deus quis para o homem na terra. Se destruirmos a família, destruiremos a sociedade. Por isso, é fácil perceber, cada vez mais claramente, que os sofrimentos das crianças, dos jovens, dos adultos e dos velhos, têm a sua razão na destruição dos lares. Quando aconteceu a revolução bolchevista na Rússia, em 1917, naquela euforia proletária marxista materialista, que rejeitava a religião como “o ópio do povo”, os líderes da revolução quiseram banir a família da sociedade russa, como se fosse um fruto rançoso da Igreja. Vinte e cinco anos depois, o próprio Lenin declarava que era preciso voltar a família na sociedade russa, porque ela estava se transformando num bordéu!
        Marcada pelo sinete divino, a família, em todos os povos, atravessou todos os tempos e chegou inteira até nós no século XX. Só uma instituição de Deus tem esta força. Ninguém jamais destruirá a força da família por ser ela uma instituição divina. Para vislumbrar bem a sua importância, basta lembrar que o Filho de Deus, quando desceu do céu para salvar o homem, ao assumir a natureza humana, quis nascer numa família. “Na plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho ao mundo nascido de uma mulher ...”(Gal 4,4). Já que Ele não poderia ter um pai natural na terra, adotou José como pai legal: “Não é este o filho do carpinteiro? “ (Mt 13,55) Normalmente é o pai quem adota um filho, mas aqui é o contrário, é o Filho quem adota um pai ! Daí podemos ver toda a grandeza de José: foi o escolhido do Pai para ser o pai adotivo do seu Filho. Quando José quis abandonar Maria “para não difamá´la”, ele “que era justo” (Mt 1,19), de imediato Deus enviou o Anjo Gabriel a José, em sonho, para dizer´lhe: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1,20´21).
           É importante relembrar aqui que no costume dos judeus, era o pai da criança quem lhe punha o nome, e isto no dia da circuncisão, oito dias após o seu nascimento. Coube a José a honra de dar´lhe o nome de Jesus (cf. Lc 1,59, 62´63). “Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi´lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o Anjo, antes de ser concebido no seio materno”. (Lc 2,21) Com isto vemos que, mesmo sem precisar, Jesus quis ter um pai na terra, quis ter uma família, viveu nela trinta anos. Isto é muito significativo. Com a sua presença na família ele sagrou todas as famílias. Conta´nos São Lucas que após o seu encontro no Templo, eles voltaram para Nazaré, “e Ele lhes era submisso” (Lc 2,51). Vemos assim que a família é “um projeto de Deus”. Como Jesus deveria “assumir tudo que precisava ser redimido”, como diziam os Santos Padres, Ele começou assumindo o seu papel humano numa família, para santificá´la e remi´la. Assim se expressou o Papa João Paulo II: ´O Filho unigênito, consubstancial ao Pai, ´Deus de Deus, Luz da Luz´, entrou na história dos homens através da família´(CF,2). É muito significativo ainda que ”o primeiro milagre” tenha sido realizado nas bodas de Caná (Jo 2); onde nascia uma família. Tendo faltado o vinho na festa, sinal da alegria, Ele transformou água em vinho, a pedido de sua Mãe ´ 600 litros de água em vinho da melhor qualidade.
         As mazelas de nossa sociedade, especialmente as que se referem aos nossos jovens: crimes, roubos, assaltos, sequestros, bebedeiras, drogas, enfim, os graves problemas sociais que enfrentamos, têm a sua razão mais profunda na desagregação familiar que hoje assistimos, face à gravíssima decadência moral da sociedade. Como será possível, num contexto de imoralidade, insegurança, ausência de pai ou mãe, garantir aos filhos as bases de uma personalidade firme e equilibrada, e uma vida digna, com esperança? Fruto do permissivismo moral e do relativismo religioso de nosso tempo, é enorme a porcentagem dos casais que se separam, destruindo as famílias e gerando toda sorte de sofrimento para os filhos. Muitos crescem sem o calor amoroso do pai e da mãe, carregando consigo essa carência afetiva para sempre.Podemos resumir toda a grandeza, importância e beleza da família, nas palavras do Papa João Paulo II, na Encíclica Evangelium Vitae, sobre o valor da vida humana: ´No seio do ´povo da vida e pela vida´, resulta decisiva a responsabilidade da família : é uma responsabilidade que brota da própria natureza dela ´ uma comunidade de vida e de amor, fundada sobre o matrimônio ´ e da sua missão que é ´guardar, revelar e comunicar o amor´( FC,17). Em causa está o próprio amor de Deus, do qual os pais são constituídos colaboradores e como que intérpretes na transmissão da vida e na educação da mesma segundo o seu projeto de Pai. É, por conseguinte, o amor que se faz generosidade, acolhimento, doação: na família, cada um é reconhecido, respeitado e honrado por ser pessoa; e se alguém está mais necessitado, maior e mais diligente é o cuidado por ele.

Do livro ´ FAMÍLIA, SANTUÁRIO DA VIDA´

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

ESPECIAL: SEMANA DA FAMILIA - Família, Formadora de valores cristãos.

Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul/RS

      Agosto é o mês vocacional e também pode ser chamado mês da família. Toda vocação tem sua origem na família. Valorizando a família promoveremos as vocações. A família é geradora da vida e berço das vocações. Tudo começa na instituição familiar, criada por Deus no início da criação. Portanto a família é uma instituição divina e tem a marca de Deus que é o Amor.

Celebramos a Semana Nacional da Família de 7 a 14 de agosto, com o tema: “Família, Formadora de Valores Humanos e Cristãos”.

          É verdade! É no seio da família que se inicia todo o processo formativo do ser humano. Sempre, na historia, a família foi considerada a primeira escola de fé e dos valores humanos e cristãos. É ali que aprendemos a dizer pela primeira vez: papai, mamãe. É também no colo dos nossos pais que aprendemos a fazer o sinal da cruz e a rezar as primeiras orações. É na convivência familiar que somos iniciados ao respeito, obediência, trabalho e partilha. É no seio da família que aprendemos as primeiras virtudes cristãs e os princípios éticos e morais da justiça e da fraternidade.
      É por estes motivos que o Papa Bento XVI ensina que a família é o maior patrimônio da humanidade e o tesouro mais importante dos povos.
      Ela tem sido e é a escola da fé, dos valores humanos e cívicos, lar em que a vida humana nasce e é acolhida generosa e responsavelmente. Por isso a família é insubstituível para a vida dos povos.
       A família é o espaço sagrado de nascermos, vivermos e morrermos dignamente. Não há outro lugar mais nobre para o ser humano desenvolver-se integralmente. Mas para que a família seja de fato o santuário da vida, é preciso escolher e experimentar os valores fundamentais que a sustentam, tais como o amor, a fidelidade, o respeito, a espiritualidade, a fé e a oração.
       Você sabe muito bem o valor da família em sua vida. Já pensou o que seria de você sem a sua família? Se você ama a sua vida, também deve amar a sua família. E, se ama sua família, o que faz por ela?

Sugiro que, para fortalecer e iluminar seu amor e espiritualidade familiar, leia e reflita o texto de Mateus 6, 19-21. Depois responda para si mesmo:

1. O que eu considero tesouro em minha vida.
2. O que mais me alegra na vivencia familiar.
3. Quais as preocupações que eu tenho em relação à família?.

FONTE: Diocese de Santa Cruz do Sul/RS



ESPECIAL: SEMANA DA FAMILIA - O Decálogo dos esposos


Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

       Há estratégias espirituais para se viver em plenitude o Sacramento do Matrimônio, alicerçando a constância prometida diante do Altar de Deus. Almas nobres não fazem pactos efêmeros, mas todo cuidado é pouco para que tal nobreza não seja jamais maculada. Cumpre em primeiro lugar viver o simbolismo das alianças que são abençoadas no dia do enlace matrimonial. Elas são o símbolo vivo de um compromisso de lealdade de um para com o outro. O casamento institui entre os esposos um liame forte e durável semelhante àquele que Deus quis entre Ele a humanidade. O termo aliança aparece duzentos e noventa e nove vezes na Bíblia. A Noé disse o Senhor: “Ponho o meu arco nas nuvens, para que ele seja o sinal da aliança entre mim e a terra (Gn 9,13).
        A aliança dos esposos é penhor de sua lealdade mútua. Em segundo lugar, cumpre salientar o amor que fulge desta união profunda entre duas almas. Não se pode amar sem ser amado ou simplesmente amar o amor. A dileção que há entre duas pessoas no casamento é uma mistura composta de afeições diversas. Há desejo, paixão, confiança e respeito. Supõe também a vontade de preservar o amor que torna tudo fácil, venturoso. Quando surgem as provas conjuntamente vencidas e qualquer outra turbulência própria do exílio terreno este liame tecido através dos anos, com a graça de Deus, se torna dia a dia mais sagrado, inviolável. O fruto deste amor são os filhos que são também objeto de uma afeição sem limites e recebidos como outros dons preciosos do Criador.
        Por tudo isto no casamento não pode faltar o desejo. Anseio de fundar uma família e de dilatar a vida afetiva. O desejo é um dos motores da vida conjugal que deve ser sempre revigorar, pois o verdadeiro afeto tudo revigora alargando as aspirações vividas num porvir continuamente planejado que não permite nunca a rotina, o desgosto, as lamentações inúteis e perniciosas. Adite-se a fecundidade abençoada, dado que os filhos devem ser o reflexo do amor que seus pais irradiam. Há outras facetas da fecundidade nas quais nem sempre se pensam: fecundidade no trabalho, na vida social, no adjutório aos outros, no adjutório aos outros casais que podem estar em crise, prestes a se desunirem. Esta fecundidade se manifesta ainda na visão que os esposos têm de que na sua prole eles prolongam através do tempo sua passagem por este mundo, deixando uma descendência gloriosa. Em tudo há de prevalecer a fidelidade. Esta só é possível com a proteção divina para que se vençam as dificuldades naturais a um exílio deste mundo.
         Para isto um há de perceber o perfil caracterológico do outro para que na junção das qualidades de ambos, as fraquezas humanas de cada um sejam inteiramente superadas. A fidelidade se liga à compreensão mútua. Cumpre captar as pretensões do consorte para que qualquer laivo de intransigência não seja o princípio de rusgas as quais podem se tornar fatais. Um só coração e uma só alma e nada poderá romper a constância da dileção. Acrescente-se a liberdade, ou seja, o casamento deve ter sido resultado da união de duas pessoas que se conheceram e não se uniram por qualquer injunção externa, livre de qualquer pressão psicológica. Se tal tiver ocorrido os limites de cada um serão respeitados, porque livremente quiseram viver uma vida em comum. Foi no emprego de seu livre-arbítrio que deixaram o pai e a mãe para se tornarem uma só carne. Esta liberdade afiança a perseverança de um passo dado sem a intromissão seja de quem for ou por outros interesses escusos. Em conseqüência de tudo isto é preciso que haja continuamente o perdão mútuo. Apenas Deus é perfeito. Onde há a criatura humana há falhas, fraquezas. Todas as feridas podem e devem ser logo sanadas. O indulto imediato faz progredir a realidade da ternura. Nunca um casal repetirá demais “Jesus manso e humilde de coração fazei o meu coração semelhante ao vosso”! Cumpre deixar para falar as coisas certas no momento certo, pois as proferir no momento errado é causar desordem dentro do lar.
      Agregue-se a tudo isto a vivência sacramental, isto é, a valorização da graça que foi dada um ao outro perante o representante da Igreja. Os noivos são, de fato, os ministros deste sacramento, sendo o sacerdote a testemunha autorizada do juramento sagrado que foi feito perante Deus. Eis porque a comemoração anual do dia do casamento reforça este importante aspecto que não pode ser olvidado. Finalmente, não se deve esquecer o valor da sexualidade bem esclarecida que é um ingrediente da vida amorosa, harmoniosa e garantia também de um matrimônio feliz. Para tanto os cônjuges devem cuidar de seu corpo com o nobre fim de sempre haver uma conquista diária um do outro. Daí o cuidado no modo de se vestir, de falar, de agir. O desleixo próprio pode afetar o relacionamento conjugal. Além destes dez aspectos, nunca se poderá deslembrar o que diz um refrão famoso, que pode ter perdido sua força de tanto ser repetido, mas que revela algo imprescindível que é a oração no lar: “A família que reza unida, permanece unida”.

*Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Fonte: Arquidiocese de Mariana/MG

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

ESPECIAL: SEMANA DA FAMILIA - Casar na Igreja


Padre Julio *

       A união amorosa entre um homem e uma mulher, para nós católicos, chama-se sacramento do matrimônio. Para a Igreja, sacramento é um gesto visível que transmite algo invisível. Ou melhor, é um sinal sensível e eficaz que garante a graça de Deus, em Jesus Cristo, na vida da gente. Se o sinal visível transmite uma realidade invisível, isso significa que o visível não é tudo. É apenas um indicativo do invisível.
        No matrimônio, é o amor oblativo entre um homem e uma mulher que marca e visualiza o sacramento. A bíblia lembra que esse amor entre o esposo e a esposa deve ser semelhante ao amor que existe entre Jesus Cristo e a Igreja (Cf. Ef 5, 25-33). Cristo, por um amor apaixonado e apaixonante, entregou sua vida pela salvação total de todos e de todas, indicando que amor pra ser amor deve ser doação provada e comprovada até as últimas conseqüências, sem segundos interesses ou intenções: “Não existe amor maior do que dar a vida…” (Jo 15,13).
       É nesta perspectiva bíblica que o amor total e integral entre os cônjuges é entendido como um dos constitutivos essenciais no matrimônio. Tanto é que, se um casal, infelizmente, vai ao sacramento com um “amor” mascarado, deficiente ou anêmico, o seu casamento já começa com defeito de fabricação. E pode, segundo as determinações canônicas da Igreja Católica Romana, tornar-se um casamento que nunca deveria ter existido.
       Para que esse erro não aconteça, como se faz necessária uma boa preparação para recepção do sacramento do matrimônio! Na ação pastoral de nossa Igreja, a preparação imediata para este sacramento é chamada de: “Encontros em Preparação ao Matrimônio”. Não é nenhum curso que dá diploma pra ninguém. Aliás, erroneamente é chamado de curso.
        Trata-se de uma forma vivencial de preparação para vida matrimonial – muito breve, por sinal! Nesses encontros são refletidas questões da vida conjugal, familiar e sacramental, aquilo que Deus e a Igreja ensinam sobre o matrimônio e a família. É muito frutuoso que esses encontros sejam feitos com boa antecedência, no mínimo uns seis meses antes da celebração do casamento.
        Como sacramento da Igreja, o matrimônio tem um ritual litúrgico próprio a ser seguido. Nenhum padre, ou diácono, ou outro ministro designado oficialmente pelo bispo “faz casamento”. Ministros próprios para este sacramento são os próprios noivos. Eles é que fazem o sacramento. Daí a necessidade de os noivos estarem mais preparados do que nunca e não virem com manias e caprichos pessoais que desfiguram a ação celebrativa.
         Nem tudo que se vê por aí – decoração, música e outros “ritos sobrepostos” – faz parte do rito do sacramento. Não são alguns “promoter”, nem decoradores, nem fotógrafos ou cinegrafistas que determinam os detalhes da celebração do sacramento do matrimônio. Nas Comunidades Paroquiais, normalmente, há uma equipe de liturgia que ajuda encaminhar os detalhes. Por isso, é necessário que os noivos busquem, além dos encontros em preparação ao sacramento, as secretarias paroquiais para obterem as devidas informações e detalhes da celebração litúrgica do matrimônio.
Pe. Júlio Antônio da Silva
Pároco da Comunidade Paroquial Cristo Ressuscitado – Maringá/PR
FONTE: Arquidiocese de Maringá/PR


ESPECIAL: SEMANA DA FAMILIA - O casamento se inicia no namoro equilibrado.


Professor Felipe Aquino - Comunidade Canção Nova


Deus estruturou a humanidade na família

O que Deus quer do casamento, da família?

      Quando Deus Pai quis que a humanidade existisse, Ele estruturou tudo na família, com o casal. O Senhor fez o homem, mas viu que seu coração estava vazio e disse a Adão: “Eu vou te dar uma companheira adequada” (Gên 2, 18c). Quando Ele fez a mulher da mesma natureza do homem, é uma linguagem poética para dizer que a mulher foi feita na mesma dignidade do homem, mas diferente para que os dois se completassem. Quando Deus levou Eva para Adão, este ficou emocionado e disse: “Ela vai se chamar mulher” (id. 2, 23c).
        O Altíssimo disse a coisa mais importante sobre isso: “Por isso o homem deixa seu pai e sua mãe e se une a sua mulher e serão uma só carne” (id. 2, 24). Isso é o desígnio de Deus, que o homem se case com uma mulher e forme uma só carne, uma só pessoa humana.
        Pela unidade do amor de Deus, no altar, vocês serão uma só pessoa; isso é mais ou menos aquilo que acontece na Santíssima Trindade, Três Pessoas, mas uma unidade. Se o casamento não for uma unidade, ele não estará de acordo com a vontade de Deus, e o casal não poderá ser feliz. Se o casal não for uma unidade, não estará vivendo conforme a vontade divina; e isso começa no namoro. É no namoro que a família começa, todos nós nos casamos porque namoramos.
        O namoro é o alicerce, o fundamento, se você fizer desse período apenas uma curtição, você estará fazendo da sua família futura uma brincadeira e você sofrerá mais tarde. Leve o namoro a sério, não brinque com a pessoa do outro.
       Namoro não é tempo de conhecer o corpo do outro, mas a alma do outro. Não empurre seu namoro com a “barriga”, se você vê que só existe briga, tenha coragem de terminar, o amor é algo que se constrói, não cai do céu pronto. A aliança de namoro você pode tirar do dedo, a aliança do casamento, não.
       Não deixe a vida sexual sufocar seu namoro, a vida sexual é para os casais casados. São Paulo diz que o corpo da mulher pertence ao marido e o corpo do marido pertence à mulher, porque eles são uma só carne, por isso têm o dever de viver a vida sexual.
       Viva seu namoro na castidade, na seriedade e vocês estarão se preparando para ser um casal fiel. O namoro é o começo de tudo, é o ponto de partida.
       Quando chegamos ao casamento o que Deus quer? O casamento é uma decisão que exige maturidade, atrás desse “sim” vêm os filhos, que não pediram para vir ao mundo, mas vieram por amor. O filho tem o direito de viver com seus pais, porque ele precisa disso para sua formação moral, intelectual, psicológica, por isso, o casal precisa ser uma só carne e não levar o casamento na brincadeira com mentiras. Se você começar a mentir dará espaço para o demônio entrar no seu matrimônio; não pode haver falsidade entre o casal. Não pode haver divisão entre o casal, não pode existir a primeira pessoa do singular: “eu”, mas sim, a primeira pessoa do plural: “nós”.

          Deus quer o casal como café com leite: quando alguém olha vê um só. É possível fazer isso? Sim, com a graça de Deus. Casal que reza junto permanece junto.

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Prof. Felipe Aquino é doutor em engenharia mecânica pela UNESP e pelo ITA. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos. Nasceu na cidade de Lorena – SP. É casado há 35 anos com Maria Zila, fundadora da Editora Cléofas e tem cinco filhos: dois engenheiros, uma médica e dois dentistas.
Desde 1970 trabalha com o Pe. Jonas Abib; faz um programa na Rádio Canção Nova (No coração da Igreja) e faz dois programas na TV Canção Nova (Escola da Fé e Trocando Idéias). Ministra formação para os noviços da Canção Nova, escreve no Portal Canção Nova e no site da Editora Cléofas com mais de mil artigos, documentos e notícias publicadas.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

o mal dos abusos litúrgicos.

por Mons. Vincent Foy

Tradução: Emerson de Oliveira
 
"A liturgia tem suas leis que devem ser respeitadas." - Papa João Paulo II, em 8 de março de 1997.


       A crise litúrgica foi fermentada por um longo tempo. Em 1973, o Arcebispo Robert Dwyer de Portland, Oregon, escreveu: "alguns homens e mulheres cristãos sinceros em seus milhares e milhões estão reagindo contra o empobrecimento e degradação da liturgia, reagindo contra tantas exposições da liderança enfraquecida ou incerta" (Catholic Priests’ Association Bulletin ] Inglaterra [, vol. I e II, 1973, p. 42).

Algumas queixas importantes

       A Instrução "Inaestimabile Donum" ("Dom Inestimável"), de 3 de abril de 1980, enumera algumas das aberrações litúrgicas reportadas em diversas partes do mundo católico. Entre elas estão a confusão de papéis, principalmente em relação ao ministério sacerdotal e do papel dos leigos (divisão indiscriminada das recitações das Orações Eucarísticas, homilias feitas por leigos, leigos distribuindo a Comunhão no lugar do sacerdote); uma crescente perda do sentido do sagrado (abandono das vestes litúrgicas, a Eucaristia celebrada fora da Igreja sem real necessidade, falta de reverência e respeito pelo Santíssimo Sacramento, etc); incompreensão da natureza eclesial da Liturgia (o uso de textos particulares, a proliferação de Orações Eucarísticas não aprovadas, a manipulação dos textos litúrgicos com fins sociais e políticos).
         A lista de outros abusos, sem serem menores, é longa: há uma recusa em dar a comunhão na língua, ou para aqueles que estão ajoelhados; curvar-se, em vez de se ajoelhar, após a elevação; dar as mãos durante o Pai Nosso; a injustificável "dança litúrgica"; deixar o santuário para dar o beijo da paz; mudar, acrescentar ou omitir palavras do cânon da Missa.
        Entre outros horrores litúrgicos estão padres vestidos de palhaço e missas com música rock, e a conseqüente profanação da igreja como um lugar sagrado. Há também as missas anuais "Chamada para Ação", às vezes com a presença de bispos, sacerdotes, religiosos e leigos, em que todos dizem as palavras da consagração.
       A atrocidade recente foi a "Missa Tyme", em Londres, na Inglaterra, durante a qual os jovens dançavam em uma atmosfera de clube noturno, um jovem fez a homilia e pães de sésamo foram consagrados em tigelas de cerâmica.
         Uma prática comum atual destrutiva da fé e da moral é a recepção por todos, ou quase todos, da Sagrada Comunhão. Isto em um momento em que os pecados sexuais estão desenfreados e nossos confessionários estão desertos. Muitos até mesmo tem sido levados por sacerdotes a acreditar erroneamente que a Missa perdoa os pecados mortais.

É necessário mais reverência

A importância da liturgia, o culto público da Igreja, dificilmente pode ser exagerada. O trabalho da liturgia é a nossa santificação e salvação. Através dela vamos do pecado à graça, da Terra ao céu. A Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II nos diz

"É através da liturgia, especialmente no Sacrifício divino da Eucaristia, que se cumpre a obra de nossa redenção." (Introdução, n. 2).

     Nenhuma ação privada é comparável ao culto litúrgico: "Toda celebração litúrgica, porque é uma ação de Cristo sacerdote e do seu Corpo, que é a Igreja, é uma ação sagrada que ultrapassa todas as outras." (Ibid., n. 7).
        A liturgia não só oferece graça e salvação, mas também é um veículo da revelação divina, uma preservadora e mestra da doutrina, a catequista por excelência, instruindo e ensinando sobre questões de fé. "Lex orandi, lex credendi", a lei da oração ou culto é também a lei ou a transportadora de nossa crença. O Papa Pio XII referiu-se à liturgia como "o principal órgão do Magistério da Igreja."
       A medida da caridade no mundo pode ser amplamente avaliada pela medida do culto litúrgico. O Papa João Paulo II afirmou o elo essencial entre a Eucaristia e a vitalidade espiritual e apostólica da Igreja. (Dominicae Cenae, 24 de fevereiro de 1980, n. 4).

A Liturgia e a Lei

A Igreja guarda a liturgia e a protege com o direito litúrgico. Ela faz isso com a autoridade delegada por Deus.

O regulamento da sagrada liturgia depende unicamente da autoridade da Igreja, isto é, na Sé Apostólica e, conforme a lei, o bispo. (Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Sagrada Liturgia, n. 22).

Os bispos e conferências episcopais têm autoridade apenas sobre a liturgia que é expressamente autorizada.
      Nenhuma outra pessoa, nem mesmo um padre, pode acrescentar, renovar ou mudar alguma coisa na liturgia por sua própria autoridade. (Ibid.).
      A razão para isto é que os serviços litúrgicos pertencem a todo o Corpo da Igreja ... manifestem-se e têm efeitos sobre ela. (ibid., n. 26).
      A lei litúrgica é encontrada em diversos instrumentos. O Código de Direito Canônico não é uma fonte primária. Ele diz: Para a maior parte, o Código não determina os ritos a serem observados na celebração de ações litúrgicas. (C. 2).

No entanto, ele sanciona leis litúrgicas, tais como:
          As obras litúrgicas, aprovadas pela autoridade competente, devem ser fielmente seguidas na celebração dos Sacramentos. Assim ninguém pode, por uma iniciativa pessoal, adicionar, omitir ou alterar alguma coisa nesses livros. (C. 846,1).
      O corpo principal da lei litúrgica é espalhado ao longo de centenas de instruções, declarações, cartas apostólicas, notas e outros documentos. Existe a Constituição do Concílio Vaticano e as três Instruções sobre a Correta Aplicação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia. Existe a Instrução Geral do Missal Romano. Livros litúrgicos como o Lecionário, o breviário e ritos dos sacramentos, todos contém suas leis específicas.
        A lei litúrgica não é ordenada para restringir a liberdade de culto, mas para melhorá-la, para assegurar tanto a verdade e a beleza da oração pública. Há um resumo maravilhosamente conciso de doutrina e lei litúrgica no Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 1066-1209. Ele responde às perguntas: por que a Liturgia? Quem celebra a Liturgia? Como a liturgia é celebrada? Quando a liturgia é celebrada? Onde a liturgia é celebrada?

O mal intrínseco do abuso litúrgico

São Tomás de Aquino escreveu:
        Aquele que oferece culto a Deus em nome da Igreja, de forma contrária ao que é previsto pela Igreja com a autoridade de Deus... é culpado de falsificação. (Summa Theologica, II-II, q. 93, a. 1).

É uma violação do primeiro mandamento. O padre se torna um impostor.

       Abusos são também uma forma de niilismo litúrgico. A humildade da adoração é substituída pelo orgulho, pela desobediência de serviço. Escândalo edificação e substitui o guardião se torna um destruidor.
       O que deveria ser uma fonte de graça se torna uma ocasião de pecado; o que deveria ser um ato de amor divino torna-se o cheiro da morte. Nas palavras do Papa Paulo VI:
      Qualquer coisa que se afasta deste padrão (de lealdade para com a vontade da Igreja, como expresso em seus preceitos, normas e estruturas), mesmo que tenha uma atratividade especiosa, distorce a realidade espiritual aos fiéis, e faz com que o Ministério do sacerdotes se torne inerte e estéril. (Diretório para Missas para grupos especiais)

Os efeitos de abusos litúrgicos

A Instrução "Inaestimabile Donum" aponta quatro grandes maus resultados que podem vir a se tornarem abusos litúrgicos:

1. A unidade da fé e do culto é prejudicada.

       Os abusos litúrgicos muitas vezes inculcam erros morais junto com seus desvio das rubricas. A prática em algumas igrejas de dizer "todos estão convidados para a mesa" ensina que a Missa perdoa os pecados mortais ou que o estado de graça não é necessário para a recepção a Sagrada Comunhão.
       O iconoclasmo em nossas igrejas diminuiu a devoção à nossa Mãe Santíssima e dos santos. A Igreja ensina que as imagens sagradas em nossas igrejas e as casas são destinadas a despertar e alimentar a nossa fé no mistério de Cristo. Através do ícone de Cristo e Sua obra de salvação, é Ele a quem adoramos. Através de imagens sagradas da Santa Mãe de Deus, dos anjos e dos santos, veneramos as pessoas representadas. (Catecismo da Igreja Católica, 1193).

2. Abusos litúrgicos trazem incerteza doutrinária.

Isso é feito de inúmeras formas. Às vezes, o tabernáculo está tão escondido que as palavras de Maria Madalena poderia aplicar-se: "Levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram." (João 20, 13). Cristo é ignorado pela falta de genuflexão quando a norma estabelece isso, por ficar em pé durante a Consagração, por falta de fazer um sinal de adoração em receber a Sagrada Comunhão. Cristo é ignorado pelo convívio na igreja. Ignorar uma pessoa é tratá-lo como inexistente. Assim, o terreno é definido por erros doutrinais como transignificação e transfinalização em vez da verdade da Transubstanciação.
        Quando a reverência, o decoro, o recolhimento e temor legítimo desaparecem das nossas igrejas, a igreja se torna um lugar de fé diminuída. No rito introdutório para a dedicação de uma igreja, lemos: "Este é um lugar de reverência, que é casa de Deus, a porta do Céu, e ele será chamado a corte real de Deus." Devemos comportar-nos em conformidade .

3. Abusos litúrgicos causam escândalo e confusão entre o Povo de Deus.

As pessoas e até mesmo os padres são, muitas vezes, profundamente ofendidas por violações litúrgicas. Um velho sacerdote que gastou sua vida sacerdotal nas missões, voltando para visitar a sua Casa-Mãe, ficou escandalizado ao ver seus confrades celebrando a Santa Missa sem alva da comunidade ou do próprio Cristo. Um pastor associado que treinou coroinhas para se ajoelharem diante do Santíssimo Sacramento ouviu o pastor proibí-los de fazê-lo porque era "pré-Vaticano II". Os pastores estão escandalizados com os associados que violem a liturgia e vice-versa, causando problemas ou tensão na reitoria.

4. Abusos litúrgicos trazem "uma inevitabilidade de reação violenta".

Alguns são confusos e choram em silêncio. Em muitos casos, a reação é uma crítica amarga com raiva, ressentimento, ou um profundo sentimento de traição. Alguns param de ir à missa. Alguns criticam a Igreja de modo que seus filhos estão alienados da fé. Toda aberração litúrgica estabelece sua própria cadeia de reações negativas por uma espécie de lei trágica.

A cura

Obviamente, os abusos litúrgicos são eliminadas através da observância do direito litúrgico. Este remédio é a prova de um direito. O canon 214 do Código de Direito Canônico diz que

"Os fiéis têm o direito de adorar a Deus de acordo com as disposições do seu próprio rito aprovado pelos pastores legítimos da Igreja."

       A lei diz claramente onde está a responsabilidade. Em sua diocese, a correção dos abusos litúrgicos é da obrigação do bispo (cf. C.392.2). Sob a autoridade do bispo, o pároco deve dirigir a liturgia em sua própria paróquia, e ele é obrigado a "estar em guarda contra os abusos." (C. 528,2).
        Para obter a correção de um abuso, deve ser suficiente chamar a atenção do pároco a uma aberração. Se nada for feito, deve ser levado ao conhecimento do bispo. Se a lei e reparação da Igreja fossem observados, não seria um abuso litúrgico.
        Então, qual é a cura? Quando os pastores não pastoreiam, o remédio, inadequado, deve ser encontrado na nossa reação pessoal. Alguns veem os abusos como uma cruz e penitência. Outros legitimamente vão para outra paróquia ou a uma igreja de outro rito ou uma Missa Tridentina
       A tragédia é que alguns, em sua angústia e revolta, param de ir à igreja e se juntam aos milhões que têm perdido a fé no mundo. Toda a responsabilidade não é deles!

Abusos litúrgicos e igrejas vazias

        O abuso litúrgico é o grande inimigo da prática da Igreja e uma reencarnação do Modernismo. São Pio X falou sobre "a pérfida trama dos católicos liberais." Na ordem moral, os católicos liberais pedem a liberdade da restrição sexual, o direito a sexo pré-marital, a contracepção, o divórcio, a prática homossexual e a o aborto. Na ordem litúrgica, toma a forma de liberdade do direito rubrical.
       A liturgia é tão ligada à autoridade e à hierarquia apostólica fundada por Cristo que, sem ela "não haveria o culto público como o catolicismo entende a liturgia." (Pe. João Hardon, SJ, "O Catecismo Católico", Doubleday & Co., p. 450).

Sobre o autor:

Um dos maiores heróis da Igreja Católica no Canadá é, sem dúvida, o monsenhor Vincent N. Foy. O monsenhor Foy é um sacerdote e advogado cânonico da arquidiocese de Toronto, ex-chefe do tribunal matrimonial arquidiocesano e um dos fundadores e membro honorário da Canon Law Society do Canadá . Ele é o mais antigo padre em sua arquidiocese, o único sacerdote sobrevivente da classe de 1939 do Seminário de Santo Agostinho.

Extraído de http://www.missiomariae.net/m-liturgy/257-the-evil-of-liturgical-abuse.html

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

“Que grandioso dom é o sacerdócio”!

        
      Hoje a Igreja celebra a festa de São João Maria Vianney, o santo cura d’Ars, patrono dos párocos, honra do clero francês. Um homem simples, mas que soube entregar-se desmedidamente ao serviço de Deus e, por isso, o Altíssimo fez maravilhas em sua vida.

      Era filho de camponeses. Queria ser padre, mas quase não o consegue por conta dos sucessivos insucessos nos estudos necessários para tal. No entanto, não desistiu: contra todos os prognósticos, foi adiante, insistente, até conseguir levar a cabo os seus estudos e ordenar-se sacerdote do Deus Altíssimo.
         A sua limitação intelectual chega a ser anedótica! Não sei a veracidade da história, mas conta-se que o santo, certa feita, confrontado com um seu superior que o tentava dissuadir do sacerdócio argumentando exatamente que a inteligência refinada (que tanto faltava ao santo!) era necessária ao ofício de pastoreio das almas, respondeu singelamente: “Davi, com uma atiradeira feita da mandíbula de um burro, derrubou o gigante Golias; imagine o que Deus não poderá fazer tendo nas mãos o burro inteiro?”. De onde se vê que, ao santo, embora talvez faltasse alguma habilidade mais específica exigida para os estudos acadêmicos, não lhe faltava sabedoria ou bom humor.
          “Que grandioso dom é o sacerdócio”! Talvez o santo cura d’Ars percebesse-o melhor que os outros padres, porque para ele – devido à sua história – o aspecto do dom estava muito mais evidente do que o de mérito. Mas todo sacerdócio é um dom, ainda para o aluno laureado nos estudos do seminário, porque o sacerdócio é tão grandioso que ultrapassa infinitamente quaisquer méritos que os homens pudessem ter. Não, o sacerdócio não é a recompensa dos anos de estudos no seminário como um – digamos – diploma de medicina é a recompensa pelos anos de dedicação integral na faculdade. O sacerdócio é mais, muito mais: os efeitos são desproporcionais às (supostas) causas. De um médico pode-se dizer que é o que estudou na faculdade, e o mesmo de um engenheiro, um arquiteto, um jornalista; mas a santidade de um padre santo não encontra a sua causa nos estudos do seminário, por melhor aluno que ele tenha sido, por melhor o lugar onde ele tenha estudado.

                     Olhe-se para o santo cura d’Ars! É de Deus que vem a santidade do sacerdócio.

       É um dom, um dom grandioso, com o qual Deus, pela Providência, agracia alguns dos Seus filhos.

              Rezemos pelos sacerdotes! Para que sejam padres conforme São João Maria Vianney. Para que reconheçam quão grandioso é o dom do sacerdócio que do Altíssimo receberam e pelo qual terão um dia que prestar contas. Para que deixem a santidade vir de Deus, do alto, e não brotar dos próprios esforços humanos. Para que sejam santos, honrando a dignidade da vocação à qual foram elevados. Para que Deus nos conceda sempre sacerdotes bons e fiéis para cuidar do Seu povo.