segunda-feira, 20 de junho de 2011

Visita pastoral - Primeira parte

        Aconteceu neste fim de semana em nossa Paróquiade São José da Boa Esperança em Amaraji a Visita Pastoral do Sr. Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife D. Fernando Saburido.
        Foi um momento de grande importancia para toda comunidade católica de Amaraji e para toda cidade, pois o Sr. Arcebispo e sua comitiva pode ver de perto os trabalhos que os diversos movimentos, grupos e pastorais realizam nesta parcela do Povo de Deus; como também ver e sentir de perto as dificuldades pelas quais passamos neste tão afastado recondito de seu rebanho.
         Podemos visitar as comunidades rurais, mesmo em meio a chuva que durante esses dias caiu em nossa cidade; nos encontrar com a sociedade civil e autoridades, buscando parcerias com este setor; passar nos lugares onde a paróquia tem projetos a realizar, como : O bairro Alice Batista onde pretendemos construir uma capela e salas de catequese; o Bairro Nossa Senhora da Conceição onde Se fará a fundação do Grupo de escoteiros e clube de Mães; e ouvir as propostas do Centro de Pastoral, do Centro de Apoio de Idosos e da Banda Marcial Paroquial, além de ter contato de perto com os mais pobres, capelas, comunidades e poder levar esperança a todo esse povo de Amaraji e porque nao da região.

                                Algumas fotos da visita de Pastoral.
Primeiro dia:

* Chegada e Acolhida na Igreja Matriz:







* Caminhando em direção ao encontro com os alunos e professores :



* Encontro com os alunos e professores









* Encontro com a Sociedade e Autoridades amarajienses:









quinta-feira, 16 de junho de 2011

Visita Pastoral


Carta de Convocação

Caros Irmãos e Irmãs:

              Estes dias recebemos a Alegre notícia de que na data de 17 a 19 do corrente, o Sr. Arcebispo, Dom Fernando Saburido fará uma Visita Pastoral à nossa Centenária e querida Paróquia de São José da Boa Esperança e à nossa cidade. É com grande alegria que o receberemos, em espírito de docilidade e solicitude, “abrindo o coração àquele que vem vindo em nome do Senhor”.

               A visita Pastoral será um momento onde o Arcebispo irá conhecer de perto o povo que Deus confiou à sua solicitude pastoral, formando assim, laços de comunhão e unidade entre o Pastor e suas ovelhas, sendo ocasião para restaurar as energias dos operários do Evangelho, louvá-los, encorajá-los e consolá-los. É também, ocasião para chamar novamente os fiéis à renovação da própria vida cristã e a uma ação apostólica mais intensa.

              Assim sendo, quero convidar os paroquianos e toda a comunidade Amarajiense para ocuparem seus lugares neste único e grandioso evento em nossa cidade e participar dos momentos de celebração, oração e encontro com o Povo de Deus, que tem a oportunidade de estar com o Arcebispo.

Contamos com sua presença.

Em Cristo,

Pe. Adriano Tenório Rodrigues
Pároco







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Programação

Cronograma das Atividades a serem vivenciadas durante a visita Pastoral.

Período: 17 a 19/junho/2011 (sexta-feira, sábado e domingo).

Sexta-feira:
Hora 14h: Acolhida do Sr. Arcebispo no posto Dislub com carros e motos e depois passaeio em carro aberto pelas ruas da cidade.
Hora: 15h00 - Acolhimento: Orquestra 04 de Outubro, faixas, lenços, fogos de artifício;
Local: Praça Dr. Jorge Coelho;
15:h30m: Momento com as escolas e comunidade: alunos, familiares, professores;
Local: Escola São José com apresentação cultural das Escolas.

Noite:
20h00 – Encontro com as autoridades (Colégio São José)
21h00 – Apresentação Cultural;
21h30m- Apresentação do PETI;

Sábado:
Hora: 7h00 - Liturgia das horas;
Local: Igreja Matriz de São José.
8h00 - Café da manhã com o Conselho de Pastoral (Casa Paroquial);
9h00 – Visitas aos Feirantes e Comerciantes;
10h00 - Visita aos Engenhos: Animoso, Água Vermelha, Prata Grande, comunidade Kairóz;
12h00h – Almoço com a Comunidade Kairóz;
15h00 às 17h00 – Encontro com a Juventude – Pe. Gimessom (Colégio São José);
1600h – Encontro com os enfermos (Vila de São Vicente);
18h00 – Jantar;
19h00 – Missa (Igreja Matriz);
21h00 – Reunião com o Conselho de Pastoral e Coordenadores de Grupos e Movimentos (Escola São José)

Domingo:
7h00 - Liturgia das Horas (Igreja Matriz);
8h00 – Café comunitário;
9h00 – Visitas as Capelas: São Francisco, Santo Amaro, N. Sra. De Fátima;
10h00 - Saída para uma visita ao povoado de Demarcação;
12h00 – Almoço;
14h00 às 16h00 – Encontro do Arcebispo com a Juventude;
16h00 – Encontro com toda a Paróquia;
Local: Ginásio Gouveião;
18h00 – Missa de Encerramento.







quarta-feira, 15 de junho de 2011

Virtudes Cristãs




Com o Pentecostes, ou seja, com a vinda do Espírito Santo o Cristão recebeu Dons e Frutos que devem ajudar ou fortalecer o seguimento de Jesus, vivendo virtuosamente a nossa fé e vida Cristã.

Mas o que são Virtudes?

Diz São Paulo na sua carta aos Filipenses: "Ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, tudo o que há de louvável, honroso, virtuoso ou de qualquer modo mereça louvor" (Fl 4,8). Portanto, a virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si. Com todas as suas forças sensíveis e espirituais, a pessoa virtuosa tende ao bem, procura-o e escolhe-o na prática. "O objetivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus." (CIC 1803)



A virtude é o que dá o toque de perfeição no ser e no agir da natureza humana; sobretudo se o homem vem elevado e enobrecido pelas virtudes sobrenaturais. A natureza age através dos sentidos: vemos com os olhos, ouvimos com os ouvidos, conhecemos com a inteligência, etc. Se esses sentidos forem exercitados, adquirem formas estáveis de atuação, que pela repetição, se tornam hábitos. Se forem bons, são chamados de virtudes; se forem maus, vícios. Deste modo, a virtude é uma qualidade boa, que aperfeiçoa de modo habitual as potências humanas, inclinando o ser humano a fazer o bem.



Virtudes teologais

As virtudes mais excelentes são as virtudes teologais (fé, esperança e caridade) que se referem diretamente a Deus.

A fé define-se como “a virtude pela qual cremos firmemente em todas as verdades que Deus revelou, baseados na autoridade do próprio Deus, que não pode enganar-se nem enganar-nos”.

A esperança define-se como “a virtude sobrenatural pela qual confiamos que Deus, que é todo-poderoso e fiel às suas promessas, nos concederá a vida eterna e os meios necessários para alcançá-la”.

A caridade, virtude implantada na nossa alma no Batismo, juntamente com a fé e a esperança, define-se como “a virtude pela qual amamos a Deus por Si mesmo, sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, por amor a Deus”. É chamada a rainha das virtudes, porque as outras, tantos as teologais como as morais, nos conduzem a Deus, mas a caridade é a que nos une a Ele. Onde houver caridade, estarão também as demais virtudes.

Virtudes Cardinais ou morais.

Mas também são importantes as virtudes morais, que aperfeiçoam o comportamento do individuo nos meios que conduzem a Deus. Se pensar-se no modo de adquiri-las, umas são virtudes naturais ou adquiridas, pois são conseguidas com as forças da natureza, através de atos bons realizados pelo ser humano. Por exemplo: a sinceridade, a laboriosidade, a discrição, a lealdade... outras são sobrenaturais, pois são concedidas por Deus, de modo gratuito. As virtudes teologais sempre são sobrenaturais ou infusas; mas virtudes morais podem ser adquiridas ou infundidas por Deus. As principais virtudes morais são o fundamento das demais virtudes. São elas a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.

A prudência é a virtude que dispõe a razão prática para discernir – em toda as circunstâncias – nosso verdadeiro bem, escolhendo os meios justos para realizá-lo.

A justiça é a virtude que nos inclina a dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido, tanto individual como socialmente.

A fortaleza é a virtude que no meio das dificuldades assegura a firmeza e a constância para praticar o bem.

A temperança é a virtude que refreia o apetite dos prazeres sensíveis e impõe a moderação no uso dos bens criados. Além das virtudes cardeais, o ser humano deve praticar as outras virtudes morais, especialmente a da religião, a humildade, a obediência, a alegria, a paciência, a penitência e a castidade.

Virtudes e vivencia Cristã.

Às vezes é difícil viver as virtudes naturais porque, depois do pecado original, o ser humano está desordenado e sente a inclinação ao pecado; mas Deus concede a graça que as purifica, elevando-as à ordem sobrenatural, para que ajudem o cristão a obter o fim ao qual está chamado: a eterna bem- aventurança.

Então, as virtudes, sem deixarem de ser naturais, são também sobrenaturais. Com a ajuda de Deus, as virtudes naturais firmam o caráter e levam o homem à prática do bem.

Quando são vividas de verdade, todas as virtudes estão animadas e inspiradas pela caridade. Como diz São Paulo, a caridade é o “vínculo da perfeição” (Col 3,14), a forma de todas as virtudes.

O cristão que intenta viver uma vida segundo Deus, conta com a graça divina e as virtudes, quer dizer, com todos os meios para conseguir o fim a que Deus o chama. Em conseqüência, com a ajuda de Deus e o esforço próprio, há de ir crescendo na virtude. Deus nunca o abandona, e basta que o homem lute para fazer o bem e viver a caridade.

Os filósofos anteriores ao cristianismo falavam da virtude perfeita para qualificar a nobreza do ser humano; mas falavam sob um ponto de vista puramente natural. A Igreja fala, além disso, de virtudes sobrenaturais, que Deus comunica graciosamente ao ser humano e que, quando são vividas em plenitude, levam à santidade. Na proclamação dos santos não se faz outra coisa senão investigar e sancionar que naquela vida existem provas de que tenha praticado, em grau heróico, as virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade, assim como as virtudes cardeais da prudência, justiça, temperança e fortaleza, com as virtudes anexas correspondentes.

E como viver uma vida virtuosa? A resposta não pode ser outra: Devemos pensar no modo de imitar a Cristo; Devemos refletir para aprendermos diretamente da vida do Senhor algumas das virtudes que irão de resplandecer na nossa conduta, pois Jesus Cristo, encarnou-se e assumiu a nossa natureza para mostrar à humanidade que Ele é modelo de todas as virtudes.

Por isso, na intimidade pessoal e familiar, na conduta externa, no trabalho e em qualquer atividade que exerça, cada um deve procurar manter-se em contínua presença de Deus, tendo Cristo como modelo, pois se não nos comportarmos desse modo, seremos pouco conseqüentes com a nossa condição de filhos de Deus. Assim é inconseqüente o homem que assegura querer ser autenticamente cristão, santo, mas que despreza o seguimento de Cristo se no cumprimento das suas obrigações não manifesta continuamente a Deus o seu carinho e o seu amor filial.

Devemos alimentar no fundo do coração um desejo ardente de alcançar a santidade, ainda que nos vejamos cheios de misérias. Mas não podemos nos descuidar, pois à medida que se avança na vida interior, percebe-se com mais clareza os defeitos pessoais. Mesmo assim precisamos procurar atingir o perfeito acabamento até mesmo nas coisas pequenas. Para isso nos servem de modelos os santos: foram pessoas como nós, de carne e osso, com fraquezas e debilidades, que souberam vencer e vencer-se por amor de Deus.

Para viver uma vida virtuosa em busca da santidade não é preciso fazer coisas “esquisitas” ou “estranhas”. Devemos levar um vida normal, procurando cumprir os deveres de nosso estado, executando bem nossas tarefas profissionais, superando-nos, melhorando dia a dia. Sermos leais e compreensivos com os outros e exigentes conosco mesmo.

O convite para a santidade, dirigido por Jesus Cristo a todos os homens, requer de cada um que cultive a vida interior, que se exercite diariamente nas virtudes cristãs. E não de qualquer maneira, pois trata-se de um objetivo árduo. Mas não nos esqueçamos que ninguém nasce santo, ao contrário, forma-se o santo no íntimo relacionamento entre Deus e o homem, já que tudo aquilo que se desenvolve começa por ser pequeno e é alimentando-se gradualmente, mediante progressos constantes, que chega a tornar-se grande.

As virtudes humanas exigem de nós um esforço prolongado, porque não é fácil manter por muito tempo a temperança diante de situações que parecem comprometer a nossa segurança. Em certas situações sofreremos bastante se quisermos cumprir fielmente os nossos deveres, pois atualmente a verdade é desprezada, e aproveitando-se disso para justificar suas atitudes errôneas, muitos alegam que ninguém diz ou vive a verdade. Porém, a prudência exige que sejamos sinceros e verdadeiros e não fujamos do dever, porque esquivar-nos a ele demonstraria uma falta de consideração e mesmo um atentado grave contra a justiça e contra a fortaleza. Por isso, um cristão, que pretende conduzir-se retamente diante de Deus e diante dos homens, precisa de todas as virtudes, não se esquecendo de que Deus a criou para a santidade.

Precisamos Esforçar-nos por não perder nunca este “ponto de mira” sobrenatural que é Jesus Cristo, mesmo na hora do lazer, do descanso ou do trabalho. Não nos esqueçamos, também, que uma vida virtuosa não se reduz a um simples testemunho de práticas piedosas. Somos cristãos, mas ao mesmo tempo, cidadãos do mundo. Se quisermos nos santificar de verdade, por amor a Deus e para correspondermos à nossa vocação de cristãos, temos que dar exemplo. Temos que esforçar-nos por oferecer com a nossa conduta o testemunho de uma pessoa responsável e mostrar que só contando com Jesus é que conseguiremos alcançar a vitória; nós, sozinhos, não podemos nada.

Portanto, cada um na sua tarefa, no lugar que ocupa na sociedade, tem que sentir a obrigação de agir como pessoa de Deus, que semeie por toda a parte a paz e a alegria do Senhor, já que o cristão perfeito traz sempre consigo a serenidade e a alegria. Serenidade, porque se sente na presença de Deus; alegria, porque se vê rodeado dos dons divinos.

Quando desempenhamos nossas atividades com o propósito de santificá-las, as virtudes entram em ação: a fortaleza, para perseverarmos no trabalho, apesar das naturais dificuldades e sem nos deixarmos vencer nunca pelo desânimo; a temperança, para nos doarmos sem reservas e para superarmos o comodismo e o egoísmo; a justiça, para cumprirmos os nossos deveres para com Deus, para com a sociedade, para com a família, para com os colegas; a prudência, para sabermos em cada caso o que convém fazer. E tudo, por Amor, movidos pela caridade.

É este é o segredo da santidade: Deus chamou a todos nós para que o imitássemos, vivendo no meio do mundo, colocando Cristo no centro de todas as atividades humanas honestas, pois ninguém se salva sem sua graça e se o indivíduo conserva e cultiva um princípio de retidão, Deus iluminará seu caminho e poderá ser santo, porque soube viver como homem de bem. Se aceitamos a nossa responsabilidade de filhos de Deus, devemos ter em conta que Ele nos quer muito humanos. Quer que a cabeça toque o céu, mas que os pés assentem com toda a firmeza na terra. O preço de vivermos cristãmente não é nem deixarmos de ser homens nem abrirmos mão do esforço de adquirir as virtudes.

Resumindo, Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Ele deixou sobre este mundo pegadas claras para seguirmos. Mas nós, às vezes, não conseguimos descobrir o caminho e segui-lo, porque olhamos com olhos cansados ou turvos. Para nos aproximarmos de Deus, temos de enveredar pelo caminho certo, que é a Humanidade Santíssima de Cristo, o Filho de Deus, Homem como nós e Deus verdadeiro, que ama e que sofre na sua carne pela Redenção do mundo. Seguir Cristo: este é o segredo. Acompanhá-lo tão de perto que vivamos com Ele, como aqueles primeiros Doze; tão de perto, que com Ele nos identifiquemos. O Senhor reflete-se na nossa conduta como num espelho. Se o espelho for como deve ser, reproduzirá o semblante amável do nosso Salvador sem o desfigurar, sem caricaturas e os outros terão a possibilidade de admirá-lo e segui-lo.

o Espirito Santo e os seus Frutos

Os Frutos do Espírito Santo


O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade e Ele é o "Senhor que dá a vida e que procede do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. Foi Ele que falou pelos profetas." O Espírito Santo é o dador de todos os dons e carismas extraordinários; todos os frutos espirituais provêm d'Ele.

O Espírito Santo vem às nossas almas no dia do nosso Baptismo, derramando sobre nós as três virtudes teologais: a Fé, a Esperança e a Caridade. E vem de um modo mais solene no dia em que recebemos o Sacramento do Crisma ou Confirmação, onde recebemos a efusão do Espírito que derrama sobre nós os sete dons: A Sabedoria ou Sapiência, o Entendimento, o Conselho, a Fortaleza, a Ciência, a Piedade e o Temor de Deus.

O Espírito Santo, para além de derramar as sete grandes colunas cristãs, confere ao cristão doze frutos que são: a Caridade, o Gozo, a Paz, a Paciência, a Benignidade, a Bondade, a Longanimidade, a Mansidão, a Fé, a Modéstia, a Continência e a Castidade.

Importa definir em breves palavras, não só os dons mas, fundamentalmente os frutos do Espírito Santo.

- A Caridade é um fruto do Espírito Santo. A caridade é amor e é o maior dos dons, porque ela não desaparece, existe para além da morte. O céu vive no amor: "A fé e a esperança hão-de desaparecer, mas o amor jamais desaparecerá" (1 Cor. 13,8).

- O Gozo ou alegria é caracterizado por aquelas emoções interiores, aquela alegria interior e satisfação espiritual profunda que o Espírito Santo derrama no coração e na alma. A pessoa sente um gozo inexplicável. Não há palavras humanas que possam descrever o gozo que provém do Espírito Santo.

- A Paz de que falamos não tem nada a ver com os motivos ou sensações externas mas é uma paz e suavidade interior, tal como Jesus disse aos Seus apóstolos: "Deixo-vos a paz, dou-vos a Minha paz, não como o mundo a dá mas como Eu a dou" (Jo 14, 27). Jesus é a paz e a suavidade da alma.

- A Paciência suporta as adversidades, as doenças, as contrariedades e perseguições. A paciência é o fruto essencial para que o cristão persevere na sua fé. O cristão paciente dificilmente é demovido da sua fé porque ele suporta tudo com paciência. A alma paciente é mansa e humilde, não se revolta contra o seu Deus mas tudo suporta e aceita.

- A Benignidade é a bondade que vai para além da bondade, isto é, muitas vezes fazemos um bem mas só até certa medida. Porém, a benignidade é a execução desse bem que vai para além do que deveria ser feito.

- A bondade é fazer o bem, desinteressadamente, às pessoas. A pessoa que o faz tem um bom coração, amando verdadeiramente. A resposta de alguém que ama a sério é: "Eu amo porque amo."

- A Longanimidade é a paciência para além da paciência, é quando alguém continua a ser paciente depois de, tantas e tantas vezes, ter sido posto à prova.

- O homem Manso dificilmente se revolta. A mansidão está sempre associada à humildade e à paciência. Jesus diz, quando se refere a Si mesmo: "Vinde a Mim que Sou manso e humilde de coração que Eu vos aliviarei. Vinde a Mim que o meu jugo é suave e a minha carga é leve. Vinde a Mim todos vós que estais sobrecarregados porque Eu vos aliviarei" (Mt 11, 28-30). Este é um grande convite do Sagrado Coração de Jesus a todos nós. A mansidão é contra a ira e contra o ódio. Assim, devemos procurar ser mansos, imitando o Divino Mestre.

- A Fé, para além de ser o fruto do Espírito Santo é uma das virtudes teologais. A fé é um dom muito importante, sem ela desesperamos e desanimamos ao longo da nossa caminhada, feita de altos e baixos, com muitas dificuldades. Sem a fé, o cristão chega a certa altura, depois de muitas dificuldades desiste e começa a levantar interrogações e deixa de praticar o bem, deixa de ir à Missa e diz: "Afinal, os que não vão à Missa, têm uma vida melhor do que a minha. Então, que me adianta ir à Missa e rezar?". A fé leva o cristão a manter-se firme na sua caminhada mas esta fé tem que ser conservada e protegida. Uma das maneiras é a oração que aumenta e protege a fé. A oração mantém-nos no caminho da fé e no caminho da salvação, por isso é indispensável.

- A Modéstia relaciona-se com o ser discreto. A modéstia é contra a ostentação e a exibição. A modéstia é o pudor que deve acompanhar todo o cristão pois nele habita Deus. Como tal, devemos respeitar o nosso próprio corpo, não o expondo como um mostruário. Alertai aquelas pessoas que se vestem com mini-saias, decotes exagerados, blusas transparentes, calças exageradamente apertadas, apresentando os contornos do corpo. Podemos usar roupas bonitas e arranjadas com o devido pudor e respeito pelo corpo.

- A Continência é um fruto do Espírito Santo. O homem continente sabe equilibrar-se, dominando a sua sexualidade. Sabe guardar-se e proteger-se. A continência é uma grande virtude. Se os homens e as mulheres de hoje possuíssem esta grande virtude, não haveria em muitos lares tanta tristeza, tanto aborrecimento porque todos saberiam manter a castidade e a pureza. A continência é o domínio de si mesmo em relação aos instintos sexuais.

- A Castidade é um fruto que leva o homem ou a mulher a manter a pureza do corpo e, consequentemente, a pureza da alma, não se deixando manchar, caindo em pecados contra o 6º e 9º Mandamentos. O sexto mandamento diz: "Guardai castidade nas palavras e nas obras"; e o nono mandamento diz: "Guardai castidade nos pensamentos e nos desejos."

A castidade não é só protegida quando o homem ou a mulher se abstêm de actos sexuais fora do casamento mas deve ser protegida, evitando que os olhos se fixem em programas indecentes ou imorais, ou se fixem na rua em situações impróprias porque isso leva a maus pensamentos e desejos.

S. Paulo, referindo-se aos esposos, fala da Fidelidade dizendo que aquele que é fiel à sua mulher, conserva a castidade e vice-versa. Por isso, S. Paulo quando se refere à fidelidade quer expressar a castidade também no casamento.

Estes doze frutos do Espírito Santo devem suscitar no cristão o desejo e o esforço de os conquistar. Para isso, deverá pedi-los e suplicá-los ao Espírito Santo porque a quem Lhe pede, Ele os dará. Se não os pedirdes, Ele ficará à espera. Contudo, com as preocupações, o corre-corre e a luta pela vida, muitas vezes esquecemo-nos de valores tão sublimes e elevados.

S. Paulo, ao falar dos frutos do Espírito Santo, lembrou os conceitos opostos a estes frutos que são as paixões, referindo-as como obras da carne: bebedeiras, orgias, ira, contendas, partidarismo, ciúme, ódio, inveja, adultério, fornicação. "Os que praticarem tais coisas, não herdarão o Reino de Deus" (Gl 5, 19-21). E, acrescentando,

S. Paulo diz-nos: "Devemos viver segundo o Espírito e não segundo a carne" (Gal. 5,16).

Há quem viva segundo a carne, não passa sem o sexo, sem a bebedeira, sem a ira, a raiva, a vingança, o ressentimento e até pensa que tudo isto são valores que devem ser vividos. Há programas de televisão, revistas e livros que lançam o sexo como um valor indispensável, aconselhando a juventude à libertinagem sexual e fazendo imensa propaganda dela. Isto, para o jovem menos avisado, menos orientado e menos esclarecido, é um bem e um valor sem o qual não pode viver, atirando-se desenfreadamente para a sexualidade.

Assim, perderá a sua própria personalidade. S. Paulo acrescenta: "Quem vive da carne colherá a morte, mas quem vive segundo o Espírito colherá a Vida Eterna" (Gl 6, 8).

Devemos rezar com mais assiduidade ao Espírito Santo, confiando na Sua acção e santificação na Igreja e nas almas. Sem a ajuda e o impulso do Divino Espírito Santo, nada se pode fazer ou cumprir para agradar a Deus ou à Santíssima Trindade, para seguir o verdadeiro caminho.

Os cristãos devem cultivar um amor ardente e mais confiante no Espírito Santo. A devoção ao Espírito Santo é uma devoção necessária para o cristão, uma vez que o Sagrado Coração de Jesus é inseparável do Espírito Santo, ou seja, ser devoto do Sagrado Coração de Jesus implica ser devoto do Espírito Santo que deve ser assiduamente invocado, rezado, convidado e procurado, pois só Ele nos impulsiona à prática do bem.

- Música: Anjos de resgate – invade minha alma

O Espírito Santo é a alma e o motor da Igreja, é Ele que vem conduzindo a Igreja ao longo do tempo e irá conduzi-la até ao fim dos tempos.

O Espírito Santo é o dom de Deus para a alma do cristão, é o amor e a suavidade do Pai e do Filho, Ele é o espírito da fortaleza. Foi Ele que deu aos mártires a força de morrerem, corajosa e alegremente, pela causa de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela causa do Evangelho. O Espírito Santo dá a coragem e a energia para que o cristão possa prosseguir no caminho da fé e da salvação.

O Espírito Santo que em nós diz "Abba Pai" lembra-nos que somos filhos de Deus e que, por isso, possuímos uma dignidade elevada. O Espírito Santo que conduz o cristão é uma luz indispensável para cada um de nós. Cristo é o caminho e Ele prometeu aos apóstolos uma força do Alto, o Espírito Santo Paráclito para que estes pudessem realizar tudo aquilo que ouviram e aprenderam do Divino Mestre.

A luz de Cristo que ilumina a nossa alma é o Espírito Santo pois Jesus morreu para nos dar a vida mas o homem nada pode fazer sem o socorro divino, sem a ajuda de Deus. Para a nossa santificação temos necessidade do Espírito Santo, devendo suplicar-Lhe os Seus dons e frutos. Assim, o que é impossível para nós torna-se possível se rezarmos e invocarmos o Espírito Santo, se pedirmos a Sua ajuda.

Temos como exemplo a Igreja primitiva. Pensemos e meditemos no comportamento dos Apóstolos que tiveram a coragem de deixar tudo para seguir Jesus cheios de alegria, entusiasmo e coragem, e isto, graças à acção do Espírito Santo.

Jesus instruía-os pacientemente, mas eles por vezes não percebiam os ensinamentos de Jesus porque ainda não estavam repletos do Espírito Santo. Assim contece connosco, se não estivermos cheios do Espírito Santo não percebemos muitos dos ensinamentos do Divino Mestre. É o Espírito Santo que vai despertando o desejo de seguir Jesus porque o homem por natureza é fraco e precisa desta força. Os Apóstolos andaram de país em país, de cidade em cidade, realizando prodígios, milagres, correndo perigos, sofrendo perseguições e até a morte graças à força do Espírito Santo.

Foi com os homens fracos que a Igreja primitiva se formou, porque este chamamento não depende do homem mas d'Aquele que chama. Não depende da capacidade ou da inteligência do homem, depende de Deus. O homem é apenas o canal, o instrumento, a via através da qual Deus trabalha e age desde que o homem permita e aceite a disposição de Deus na sua vida. Deus só precisa da disponibilidade do homem, o resto é feito por Ele.

Se disseres: "Eis-me aqui, ó meu Deus para fazer a Tua vontade, faz de mim o que pretendes", Deus começa a agir mas para isso é preciso que deixemos os nossos precon- ceitos, vontades, caprichos e vaidades, pois como diz Jesus: "Quem quiser seguir-Me, negue-se a si mesmo, pegue na sua cruz dia após dia e siga-Me" (Mt 16, 24). E o que significa negar-se a si mesmo? Significa dizer "Não" aos nossos caprichos, às nossas vontades, aos nossos prazeres para que, quando estivermos vazios de nós mesmos, possamos ficar cheios do Espírito Santo.

Temos que esvaziar aquilo que está dentro de nós, porque se não o fizermos, é como despejar água num copo cheio - é impossível - porque é preciso que o copo esteja vazio para que seja possível enchê-lo. Acontece o mesmo com o homem. Quando estamos cheios de nós mesmos, do nosso orgulho, da nossa vaidade, Deus resiste e recua, como diz o salmista: "Eu resisto ao orgulhoso e me aproximo do humilde de coração"

Ele escolhe o que é vil e desprezível para confundir o mundo. Deus é sempre Deus e assim ninguém poderá vangloriar-se diante de Deus porque os dons e os frutos não são méritos do homem, são dados por Deus.

S. Paulo, na carta aos Efésios 2, 8-9 escreve: "E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras para que ninguém se glorie." Quem se quiser gloriar deve gloriar-se em Jesus e não em si mesmo, nem nos valores mundanos, não na vanglória terrena, mas em Jesus. Assim, a tua glória será Jesus, o teu prémio será Jesus, a tua alegria será Jesus.

A acção do Espírito Santo sobre os Apóstolos no dia de Pentecostes foi tão forte e notória que, de fracos e cobardes que eram, estes tornaram-se fortes e corajosos em todas as circunstâncias da sua vida, suportando com coragem e paciência todo o tipo de afrontas e até o derramamento de sangue, dando a vida por Jesus e pelo Seu Evangelho.

Todas as virtudes, como a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança, devem ser pedidas e suplicadas ao Espírito Santo. Se fores prudente, se fores forte, naturalmente que, com mais facilidade, irás resistir às influências e pressão social; mas se fores fraco não poderás resistir-lhes.

A fraqueza do cristão leva-o, num dia de Domingo, a optar por não ir à Missa para ir a um passeio. Mas, se o cristão for forte, diz: "Eu vou ao passeio, mas primeiro vou à Missa" ou "apareço mais tarde, agora não posso; vou à Missa". É curioso porque, quando se trata de faltar ao emprego, a pessoa diz: "Não posso", mas quando se trata de assuntos de Deus a pessoa desleixa-se e falta à Missa. Esta atitude é fraqueza humana e também falta de fé. Lamentavelmente, hoje são poucas as pessoas que rezam e invocam o Espírito Santo.

O Espírito Santo não deve ser invocado somente pelos grupos carismáticos mas por todos os cristãos, por todos os baptizados.

Alguns esquecem-se, muitas vezes, de invocar Maria Santíssima. Como é que se pode separar Maria Santíssima do Espírito Santo? Onde está o Espírito Santo tem que estar Maria Santíssima pois é Ela a distribuidora de todas as graças e é através d'Ela que o Espírito Santo distribui as graças ao cristão. Ela é Esposa do Espírito Santo.

Os homens fazem muitas perguntas e pedem coisas banais e passageiras mas esquecem-se de pedir o essencial que é a graça do Espírito Santo. S. Lucas no capítulo 11, 13, diz-nos: "O Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem".

Há diversidade de dons e de serviços mas o Espírito é o mesmo, pois é o mesmo Deus que opera tudo, em todos.

A manifestação do Espírito Santo é dada a cada um para proveito comum. A um, o Espírito Santo dá uma palavra de sabedoria, a outro, uma palavra de ciência, a outro a fé, a outro o dom das curas, a outro o dom de operar milagres, a outro a profecia, a outro o discernimento do Espírito, a outros, o dom das línguas e a outros a interpretação dessas mesmas línguas. Tudo isto, porém, é dado pelo mesmo e único Espírito que distribui a cada um conforme entende: "A manifestação do Espírito Santo é dada a cada um para proveito comum" (1 Cor 12, 7). O que significa isto? Todo o dom é dado, não para proveito pessoal mas sim para proveito dos outros, para que os filhos e as filhas de Deus beneficiem destes dons.

Não é dado porque a pessoa o merece mas porque o Espírito Santo entende dar o Seu dom a este ou àquele, para que saiba utilizá-lo em favor do bem comum.

Quando alguém recebe um dom tem que exigir de si mesmo muitos sacrifícios, muitas renúncias e muitas canseiras porque tem de fazer render o dom que foi recebido.

Assim explica a parábola dos talentos: "A quem mais recebe, mais lhe será exigido". Se recebes dois talentos vais ter que dar mais dois, quatro. Se recebes cinco vais ter que apresentar mais cinco, portanto dez. Aquele que recebeu cinco vai ter de trabalhar muito mais do que aquele que recebeu apenas dois. Por isso não devemos invejar os dons do Espírito Santo que alguém possui, porque é um pecado. Não podemos dizer: "Quem me dera a mim ter este ou aquele dom". Não, porque isso é da vontade do Espírito Santo.

Reparem neste episódio que me aconteceu. Depois da Santa Missa chamei um colega Sacerdote para estar ao meu lado a ajudar-me a rezar pelas pessoas e o Espírito Santo resolveu realizar as suas curas e libertações. Depois, à mesa, o colega perguntou-me: "Onde é que aprendeste tudo isso?" e eu respondi-lhe: "Isso não se aprende, foi dado". Portanto, os dons são dados, não são aprendidos.

A caridade é o maior dom dado pelo Espírito Santo: "A caridade nunca acabará. As profecias cessarão, as línguas também cessarão e a ciência findará. Por agora subsistem estas três: a fé, a esperança e a caridade, mas a maior delas é a caridade" (1 Cor 13, 13).

Nunca nos esqueçamos que é o Espírito Santo que santifica e edifica as almas. É tudo obra do Espírito Santo, é Ele que converte os corações, que toca neles e não o padre. Se o padre estiver cheio do Espírito Santo as suas palavras vão tocar os corações e vão convertê-los, mas é o Espírito Santo que está no padre. Se ele não tiver o Espírito Santo em si pode fazer lindos discursos, muito bem preparados, mas não toca os corações, porque não O tem presente.

Ninguém poderá dizer: "Jesus é o Senhor" ou "Jesus, eu Te amo", se não for sob o impulso do Espírito Santo, nem poderá adorar a Jesus se não for pelo Seu impulso. Ninguém poderá ser humilde se o Espírito Santo não inserir no seu coração este belo fruto de reconhecimento e de união ao seu Criador. E quanto mais humilde for a pessoa, mais graças recebe de Deus.

Muitas vezes os cristãos perdem muitas graças porque não sabem recebê-las. Vamos dar um exemplo concreto: Se Jesus Sacramentado passa por ti e tu ficas de pé, como se fosses uma sentinela, Jesus queria dar-te as Suas graças mas não as poderá dar, porque não vê em ti humildade. Então, a graça passa e vai ser entregue ao homem humilde que já a tinha em abundância porque tu não honraste o teu Deus. Perante esta situação Jesus não pode fazer nada. Muitas pessoas dizem: "Não me apetece ajoelhar". E eu digo: "Não te apetece?" Mas é o teu Deus que está diante de ti! Tens uma fraca fé ou não a tens porque não identificas Quem está presente nesse momento.

o Espirito Santo e os seus dons


Os dons do Espírito Santo

Vamos passar à explicação dos sete Dons: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus. É preciso compreender cada conceito e o seu significado.

- A Sabedoria é o dom que faz o cristão perceber, intuir e gostar das coisas espirituais. Sente deleite nas coisas de Deus e por isso começa a temer a Deus, a respeitá-Lo mais. Diz o salmo que o temor de Deus é o princípio da sabedoria.

- O Entendimento é o dom do conhecimento, pois a pessoa consegue entender e conhecer aquilo que vai no coração e na mente das pessoas. O Padre Pio era um sacerdote que tinha o dom do entendimento. Ele servia-se do seu dom para ajudar muitas almas. Quando alguns penitentes iam ter com o Padre Pio e, por esquecimento ou timidez, escondiam este ou aquele pecado, o Padre Pio lembrava-lhes: "Falta-te este pecado que cometeste duas ou três vezes". Este dom é utilizado unicamente para o bem do penitente.

- O dom do Conselho: quem o possui consegue dirigir, orientar e aconselhar as almas para a sua própria salvação e felicidade. O dom do conselho que é dado pelo Espírito Santo não é inconveniente, interesseiro, não aconselha segundo a conveniência pessoal mas aconselha somente para o bem da pessoa. Este dom constitui uma preciosidade, pois alerta-nos para os erros que cometemos ou soluções que necessitamos.

- O dom da Fortaleza é também uma virtude. A virtude é um bem e um dom dado pelo Espírito Santo que diz "não" ao pecado, a uma boa proposta, à pressão social, a certas modas que prejudicam a vida espiritual do homem ou da mulher. O dom da fortaleza faz com que o cristão saiba resistir a certas influências sociais e não se deixe conduzir pela pressão do grupo social ou de amigos onde está inserido. Com este dom a pessoa mantém a sua personalidade, sendo aquilo que realmente é, conservando os valores cristãos.

- O dom da Ciência permite ao homem perceber e sentir, através da natureza e dos acontecimentos do dia-a-dia a presença e a linguagem de Deus.

Quem possui o dom da ciência consegue louvar a Deus, olhando para as belezas da natureza, para a beleza de um jardim, das montanhas, da água do mar, do céu azul, das estrelas. Através da natureza, a alma lê e louva o seu Deus, agradecendo-Lhe enquanto observa uma linda flor. Em vez de ficar fixo apenas na beleza da flor, louva o autor da criação, louva o Criador.

- O dom da Piedade inclina o cristão à oração, ao louvor, à adoração, à contemplação; leva o cristão a sentir gosto pela oração, sentir desejo e gosto de estar com Deus, gosto em rezar e em falar com Deus através da oração.

O dom da piedade faz com que a pessoa não se canse de rezar e se sinta bem a rezar. Através deste dom, Deus vai revelando aspectos espirituais que muitos não percebem.

A alma piedosa tem mais luzes e percebe melhor as coisas a nível espiritual. Aquele que não reza não percebe, não entende e não vê porque não lhe é permitido ver.

Há pessoas que dizem: "Mas padre, eu rezo tanto!" e eu pergunto: "Como reza?". Não basta rezar, é preciso rezar bem, meditando nas palavras e nos mistérios que contemplamos da vida de Jesus. Experimentem rezar bem, concentrados, compenetrados e verão as maravilhas que Deus irá realizar nas vossas almas.

É lindo rezar bem. A pessoa sente na alma uma grande paz, suavidade, gozo e alegria.

- O dom do Temor de Deus leva-nos a fugir do pecado com receio de ofender e de perder Quem amamos - o nosso Deus. Este dom está, em certa medida, associado ao dom da fé porque nos faz sentir e perceber que estamos na presença de Deus e, se estou na Sua presença, não quero pecar.

O temor de Deus é um grande dom pois faz com que o homem faça tudo para não perder a graça de Deus, o Seu amor e a Sua presença. Por isso, o temor de Deus é o princípio da sabedoria.

Desta forma falamos sobre o significado de cada dom e de cada fruto do Espírito Santo, para melhor compreendermos a necessidade de invocarmos e suplicarmos ao Espírito Santo que aumente em nós os Seus dons e frutos, perseverando-nos neles até à morte.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A Ascenção do Senhor - Continuação



O Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos, ao terceiro dia.

Estas palavras do Divino Redentor, antes de subir aos Céus, não foram dirigidas somente aos Apóstolos, mas a todos os chamados por Ele a realizar alguma missão junto às almas.

São palavras que têm uma certa ordem e concatenação, e assim devem ser entendidas.

Mais uma vez, transparecem na Escritura Sagrada a onipotência e a suma sabedoria de Deus na condução da História. Aconteceu porque estava escrito e, por sua vez, foi previsto e anunciado porque assim deveria se passar, por uma determinação perfeitíssima e suprema de Deus.

Contemplemos os excelsos desígnios do Ser Supremo que a tudo regula de maneira insuperável, aproveitando- Se para sua glória, não só da virtude dos bons, mas até mesmo do concurso da malícia e ódio dos maus, da enferma vontade dos tíbios, da volubilidade dos indecisos, da voluptuosidade dos passionais, da cegueira dos orgulhosos, do delírio incontenível dos tiranos. Nada deixa de contribuir para sua honra, louvor e glória; de tudo tira proveito com tal equilíbrio que nunca produz o menor prejuízo ao livre arbítrio de uns e de outros.

Adoremos a Providência Divina e a Ela apresentemos nossa gratidão, como também nossa reparação por todas as ofensas que a cada instante sobem ao seu trono. Assim, seremos do número dos bons e Deus se servirá de nossa disposição de alma e de nossas ações para sua maior glória.

E peçamos a Ele, por intercessão de sua Mãe Santíssima, jamais pertencermos ao partido dos maus, os quais têm como objetivo de suas existências o disputar com Deus o seu poder.

De que lhes vale atribuírem-se a si próprios capacidades inexistentes, ou mesmo reais, se estas absolutamente não lhes pertencem, pois lhes foram conferidas pelo Ser que visam destronar? E qual o proveito que tiram ao darem largas às suas paixões e maus instintos para perseguir a virtude e quem a pratica? Foi tão estúpida e contraproducente a atuação dos demônios e dos maus judeus em todo o drama da Paixão que se com anterioridade tivessem conhecido seus efeitos - ou seja, a obra da Redenção -, jamais teriam desejado ou contribuído para sua realização.

De todas essas ações e situações, Deus saberá extrair os elementos para sua glória. Mas, o destino de uns será a felicidade do Céu e o dos outros, o suplício eterno.

Metanóia: essência da conversão

E que em seu nome havia de ser pregado o arrependimento e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.

Antes de subir aos Céus, o Redentor não lhes dá nenhuma recomendação política e muito menos insinua algo na linha de uma reconquista do poder de Israel. Pelo contrário, suas palavras visam uma atuação estritamente moral, religiosa e penitencial em nome de Deus.

Essa conversão, a qual na sua essência é a mudança de mentalidade (metanóia), já havia sido intensamente estimulada pelo Precursor. João Batista se apresentara como a voz que clama no deserto, a fim de que todos endireitassem os caminhos para a chegada do Senhor. Esse é também o legado do Redentor aos seus, antes da Ascensão.

A substituição dos critérios equivocados pelos verdadeiros é indispensável para a real conversão. Saulo, em um só instante a realizou, logo ao cair do cavalo, e assim mesmo passou por um retiro de três anos no deserto para torná-la irreversível, como também profunda e eficaz. Comumente, ela se faz de maneira lenta, após os fulgores de um primeiro como que "flash", mediante o qual, pela graça do Espírito Santo, a alma se dá conta das belezas das vias sobrenaturais e por elas resolve trilhar com decidida firmeza.

Sem essa conversão, é-nos praticamente inútil o Mistério da Redenção e de nada nos adianta o Evangelho.

De forma explícita ou implícita - dada nossa natureza racional - a atuação de nossa inteligência e vontade se faz com base em princípios e máximas que norteiam as potências de nossa alma.

É sobre essa fonte que se concentra o esforço da conversão. Em síntese, trata-se de substituir o amor próprio, o qual se manifesta no apego às criaturas, pelo amor a Deus.

É de dentro da visualização perfeita a respeito da retidão da prática da Lei de Deus e de sua santidade que brota o eficaz pedido de perdão dos pecados. É nesse contraste que o penitente tem plena consciência da grande misericórdia anunciada por Jesus, antes de sua partida para os Céus. Nem os anjos revoltosos e nem os homens que morreram em pecado receberam essa dádiva incomensurável.

E, nesse momento, ela nos foi oferecida pelo próprio Filho de Deus.

Iniciando-se em Jerusalém, do Sagrado Costado de Cristo nasce a Igreja a pregar ali, e depois pelo mundo afora, a Boa Nova do Evangelho.

Assim havia profetizado o Antigo Testamento, assim ordenou naquela ocasião o próprio Jesus Cristo.

O testemunho dos Apóstolos robustece nossa fé

Vós sois as testemunhas destas coisas, Diz Jesus aos seus apóstolos.

Sim. Nossa fé se robustece pela comprovação ocular dos Apóstolos, dos setenta e dois discípulos e de muitos outros aos quais se fez ver o Salvador depois da Ressurreição.

Que vantagens humanas, temporais ou eternas, teriam eles em selar com o próprio sangue fatos que constituem escárnio para seus co-nacionais e loucura para os gentios? Eis um argumento irrefutável a favor da objetividade dos relatos feitos por eles.

A vinda do Espírito Santo

Eu vou mandar sobre vós o Prometido por meu Pai. Entretanto, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do Alto.

Trata-se da Terceira Pessoa da Trindade, que Jesus enviaria, segundo a promessa feita pelo Pai, ou seja, "a força do Alto". É o Espírito Santo, que procede do amor entre o Pai e o Filho, que descerá sobre eles, a fim de serem n'Ele submersos, penetrados e revestidos por Ele, para, assim transformados, realizarem sua missão de testemunhas. Os Apóstolos "serão preparados com a grande força renovadora e fortalecedora de Pentecostes.

Receberão o Espírito Santo, de cujo envio tanto falou o Evangelista João nos discursos da Última Ceia"

A ordem de não saírem de Jerusalém sob qualquer pretexto tinha por objetivo a espera de Pentecostes para começarem a pregar. Entenderam eles que, esse período, deveriam passá- lo em recolhimento, pois é nessas circunstâncias que mais profundamente Ele age.

São João Crisóstomo comenta a esse propósito: "Para não se poder dizer que tinha abandonado os seus para ir manifestar-Se - mais ainda, ostentar- Se - aos estranhos, ordenou-lhes Jesus apresentar as provas de sua Ressurreição primeiramente àqueles mesmos que O tinham matado, na cidade onde foi cometido o temerário atentado, pois, se os que haviam crucificado o Senhor davam mostras de crer, ter-se-ia uma grande prova da Ressurreição" (13).

Por outro lado, continua São João Crisóstomo: "Assim como, num exército que se alinha para atacar o inimigo, o general não permite a ninguém sair antes de estarem todos preparados, da mesma forma Jesus não permite a seus Apóstolos saírem a pelejar enquanto não estejam preparados pela vinda do Espírito Santo" (14).

E por qual razão o Espírito Santo não desceu sobre os Apóstolos, de imediato? "Convinha que nossa natureza se apresentasse no Céu e fossem realizadas as alianças, e depois então viesse o Espírito Santo e se celebrassem os eternos júbilos", opina Teofilacto (15).

A última bênção de Jesus se estende até nós

Depois levou-os até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os.

"O ato de levantar as mãos e os abençoar significa que quem abençoa deve estar ornado de boas e heróicas obras em benefício dos demais; por isso levantou as mãos ao céu", comenta Orígenes (16).

Jesus procede como os sacerdotes da Antiga Lei, nesse gesto de abençoá- los. O sacerdócio de Cristo tem seu início no próprio momento da Encarnação (cfr. Hb 10, 5-10), mas, se bem tenha tido princípio, jamais terminará, pois é Ele sacerdote in aeternum. A dignidade, ação, virtude e frutos sacerdotais do sacrifício de Cristo estarão diante do Pai eternamente.

Por isso, neste momento, sua bênção se estende também sobre nós. Saibamos aproveitá-la, ao contemplar esse último adeus externado por Jesus no alto do Monte das Oliveiras.

Jesus nos preparou o caminho para subirmos ao Céu

E enquanto os abençoava, separou- Se deles e era levado para o Céu.

Grandiosa cena e acontecimento inédito. Elias também subia, mas arrebatado num carro de fogo e não pelas próprias forças. Cristo, pelo contrário, "subiu ao Céu pelo seu próprio poder; primeiro pelo poder divino; segundo, pelo poder da alma glorificada que movia o corpo como queria" (17). Os Apóstolos e discípulos já O haviam visto andar sobre as águas, entrar no Cenáculo a portas fechadas, escapar em meio à multidão, mas elevar-Se ao Céu ainda não. Eles não ignoravam para onde partia Nosso Senhor, já haviam ouvido dos lábios do próprio Mestre qual seria seu destino. E com os Apóstolos devemos crer que, por sua Ascensão, Jesus "preparou-nos o caminho para subirmos ao Céu, de acordo com o que Ele mesmo disse: ‘Irei preparar-vos um lugar', e com as palavras do livro de Miquéias: ‘Subiu, diante deles, Aquele que abre o caminho'.

E porque Ele é a nossa cabeça, mister se faz que os membros vão para onde ela se dirigiu. Por isso diz o Evangelho de São João: ‘De tal sorte que lá onde Eu estiver também vós estejais'" (18).

Onde se encontra a verdadeira fonte da alegria ?

Eles, depois de O adorarem, voltaram para Jerusalém com grande alegria.

Esse gesto de prosternarem-se diante de Jesus em sua Ascensão significa um reconhecimento pleno de sua majestade. Pedro já assim procedera por ocasião da pesca milagrosa (cf. Lc 5, 8ss).

Do Monte das Oliveiras a Jerusalém, caminha-se apenas a distância de uma viagem em dia de sábado. Esse percurso foi realizado pelos Apóstolos, em "grande alegria", e se compreende.

Esse mesmo júbilo os acompanhará ao saírem dos tribunais, nos quais haviam sido condenados por pregar o nome de Jesus. Assim aprendem os Apóstolos - e nos ensinam - onde estão as verdadeiras fontes de alegria: no cumprimento da vontade de Deus que, às vezes, se faz através do curto caminho da cruz.

Ligação entre o Antigo e o Novo Testamento

E estavam continuamente no Templo louvando a Deus.

Tal qual inicia seu Evangelho com os ofícios de Zacarias no Templo, termina São Lucas aludindo à freqüência assídua dos Apóstolos em todos os atos do culto praticado na Antiga Lei. A Santa Igreja não se separou da Sinagoga de forma abrupta e violenta. O Templo estava intimamente ligado à vida de Jesus, e os que iam receber o Espírito Santo, com humildade, veneração e piedade, se preparavam indo rezar na casa de oração, da qual o Mestre havia expulsado os vendilhões por duas vezes. Eles consideravam o Templo com uma perspectiva muito diferente da de seus co-nacionais. O mirante dos Apóstolos era um dos legados do Filho de Deus, ou seja, o próprio olhar d'Ele.

Maria vivia em constante oração

Uma palavra sobre Maria. Certamente intercedeu Ela junto a Deus para inspirá-los a permanecerem em oração no Cenáculo. Nela, a altura de sua humildade era a mesma da de sua fé, virginalidade e grandeza.

Ela estava rezando ao pé da Cruz, no Calvário; agora A encontramos em profundo recolhimento. Depois da descida do Espírito Santo, a Escritura não mais A mencionará e, provavelmente, o resto de seus anos, Ela os viveu em intensa oração, constituindo- Se no insuperável modelo da mulher cristã.

Que Ela nos obtenha todas as graças para seguirmos suas vias e virtudes.

A Ascenção do Senhor

Neste do domingo passado celebramos a Ascenção do senhor ao céu e durante essa semana vamos refletir sobre esse fato, que marcou a comunidade dos apóstolos e também a nós, pois somos elevados também com Cristo ao céu.

Os frutos da Ascensão nos beneficiam a cada instante, tal como a última bênção de Jesus aos Apóstolos, no Monte das Oliveiras, se prolonga através da História até cada um de nós.

I - Suprema glorificação de Cristo

Às vezes, a perfuração produzida por uma agulha é mais danosa do que o golpe de um martelo, sobretudo quando ela atinge pontos vitais.

Essa comparação talvez ainda ganhe em substância e expressividade se revertida para o campo da polêmica doutrinária, como se verificou na refutação de São Bernardo ao judeu que, no alto do Calvário, desafiou a Cristo em sua agonia:

"Se és o Filho de Deus, desce da Cruz" (cf. Mt 27, 42; Mc 15, 32). Segundo o Fundador de Claraval, é mal concebida essa proposta para comprovar a origem divina de Jesus, pois a realeza e mais ainda a divindade de um ser, não se torna patente pelo ato de descer, mas muito ao contrário, pelo de subir. E foi exatamente o que sucedeu com Jesus, quarenta dias após sua triunfante Ressurreição. Por isso, debaixo de certo ângulo, a Ascensão do Senhor ao Céu constitui a festa de maior importância ao representar a glorificação suprema de Cristo Jesus. Ele próprio a havia pedido ao Pai:

"Glorifica-Me junto de Ti mesmo, com aquela glória que tive em Ti, antes que houvesse mundo" (Jo 17, 5); "Pai, chegou a hora, glorifica o teu Filho, para que teu Filho glorifique a Ti" (ibid. v. 1). Daí ser compreensível a manifestação de alegria dos Santos Padres ao comentarem essa glorificação do Cordeiro de Deus.

"A glória de Nosso Senhor Jesus Cristo se completa com sua Ressurreição e Ascensão.

(...) Temos, pois, o Senhor, nosso Salvador, Jesus Cristo, primeiro pendente de um madeiro e agora sentado no Céu. Pendendo no madeiro, pagava o preço de nosso resgate; sentado no Céu, recolhe o que comprou" (1).



A morte não sepultou Jesus no esquecimento

De fato, esse júbilo a propósito da Ascensão, que pervade a alma dos santos e se manifesta tão patente no texto do Ofício Divino e na própria Liturgia do dia, tem sólido fundamento, pois jamais se ouviu dizer de alguém que, ao deixar este mundo, se elevasse aos olhos de centenas de testemunhas e, por seu próprio poder, penetrasse nos Céus.

Bem ao contrário, após a morte, nossos corpos gélidos e inertes descem ao seio da terra e, na maioria dos casos, até a nossa lembrança se apaga na mente dos que aqui permanecem.

A propósito de Cristo, deu-se exatamente o inverso, pois não só a recordação de seus ensinamentos, de seus atos e até de sua história se prolongou através dos séculos, como também suas testemunhas, dotadas de um poder sobre-humano, fizeram ecoar seus relatos em meio aos povos e através das gerações. Para tal, contribuíram os quarenta dias de permanência de Jesus ressurreto entre os discípulos. A debilidade destes certamente exigia esse poderoso remédio, pois os episódios em torno da Paixão do Senhor abalaram a sensibilidade psicológica e até a própria virtude da fé de todos eles.

As perspectivas humanas dos Apóstolos Dificultavam sua visão sobrenatural do Messias

As primeiras notícias sobre a Ressurreição encontraram um vácuo de incredulidade em cada um deles, a ponto de Tomé só ter-se convencido ao tocar-Lhe as chagas. Compreende- se a lógica dessas reações, pois, humanos como eram, formados na perspectiva de um Messias com fortes traços políticos, acostumados ao longo de três anos a um convívio todo feito de paternal e penetrante afeto, só poderiam assim se sentir protegidos, assumidos e transformados.

E por isso desejavam perpetuar aquele relacionamento a partir de onde se havia interrompido com aquela morte tão ignominiosa.

Contudo, os véus da carne mortal lhes obumbravam a real visão da divindade do Salvador. Era indispensável substituírem a experiência um tanto humana por outra mais elevada na qual apalpassem, por assim dizer, os reflexos da Alma gloriosa de Jesus sobre seu sagrado Corpo.

Para poder cumprir sua missão redentora, Ele havia feito um milagre em detrimento de suas próprias qualidades, rompendo leis por Ele criadas. Desde o primeiro instante de sua Concepção, no seio da Virgem Mãe, sua santíssima Alma gozava da visão beatífica e, em conseqüência, seu adorável Corpo deveria ter sido glorioso. Se assim fosse, porém, não poderia Ele padecer.

Ora, por essa razão, os discípulos acabaram por se habituar a uma interpretação a respeito do Filho de Deus muito distante daquela que se terá no Céu. Essa situação chegou ao extremo de terem sido os Apóstolos os únicos a comungar o Corpo padecente de Jesus na Eucaristia, distribuída na Santa Ceia.

Por que Jesus conviveu quarenta dias com os Apóstolos, em Corpo glorioso

Por aí se pode compreender o quanto, após a Paixão de Jesus, as saudades dos Apóstolos e discípulos giravam em torno de um relacionamento de certa forma equivocado.

Entende-se melhor também a necessidade do Redentor conviver com eles quarenta dias em Corpo glorioso, pois Jesus "não quis que permanecessem sempre carnais nem amando- O com amor terreno. Queriam que estivesse sempre com eles, carnalmente, movidos pelo mesmo afeto pelo qual Pedro temia vê-Lo padecer. Consideravam- No seu mestre, consolador e protetor, homem, afinal, como eles próprios; e se não vissem algo diferente julgá-Lo-iam ausente, sendo que Ele estava presente em todos os lugares com sua majestade".

Por outro lado, em face da lembrança traumatizante dos dias da Paixão, "convinha agora levantar-lhes o ânimo para começarem a pensar n'Ele espiritualmente, como o Verbo do Pai, Deus de Deus, pelo qual todas as coisas foram feitas; esse pensamento lhes era vedado pela carne que viam.

Convinha, sim, confirmá- los na fé, vivendo com eles quarenta dias, mas era ainda mais conveniente separar-Se de suas vistas para que Quem na terra os estava acompanhando como irmão os socorresse desde o Céu como Senhor, e eles aprendessem a pensar n'Ele como em Deus"

"Não vos deixarei órfãos"

O próprio Jesus havia afirmado: "É melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se Eu for, Eu vo-Lo enviarei.

(...) Eu vou para o Pai, e já não Me vereis" (Jo 16, 7.10). E, de fato, os Apóstolos nunca mais O encontraram, pois, ao penetrar no Céu, deixou de estar presente na terra de modo natural.

Em contrapartida, Ele mesmo prometera: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28, 20). E realmente Ele está entre nós, na Eucaristia, debaixo dos véus das Sagradas Espécies. Ademais, nunca deixa de nos acompanhar: "Subindo aos Céus, Ele não abandona de modo algum aqueles que adotou". Estas belas palavras de São Leão Magno fazem eco às de Nosso Senhor: "Não vos deixarei órfãos" (Jo 14, 18).

Consola-nos constatar o quanto se tem cumprido essa promessa ao longo destes vinte e um séculos, dia após dia, das mais variadas maneiras. Não poderia ser que sua Ascensão constituísse um abandono daqueles por quem Ele se Encarnou e morreu no Calvário.

Seu retorno ao Pai só pode ter-se dado na seqüência desse amor incomensurável d'Ele a cada um de nós. A Ascensão deu-se por uma conveniência sua, mas também para benefício nosso.

São Tomás nos ensina: "O lugar deve ter proporção com quem nele está. Ora, Cristo, após a Ressurreição, deu início a uma vida imortal e incorruptível, e o lugar no qual habitamos é lugar de geração e de corrupção, ao passo que o lugar celeste é um lugar de incorrupção. Logo, não era conveniente que Cristo, após a Ressurreição, permanecesse na terra e, sim, que subisse ao Céu". E ao ocupar um lugar no Céu, proporcionado à sua Ressurreição, "algo se Lhe acrescentou no que diz respeito ao decoro do lugar, o que redunda em bem da glória".

E citando o Salmo 15, 11: "À tua destra delícias eternas até o fim", São Tomás aplica a este versículo o comentário da glosa: "Terei prazer e alegria quando estiver sentado a teu lado, após ter sido tirado da vista humana".

II - Benefícios da Ascensão

Também nós fomos beneficiados por incontáveis dons com a Ascensão.

Segundo São Leão Magno, passamos a conhecer melhor Jesus a partir do momento em que Ele retornou às glórias do Pai. Nossa fé, "mais esclarecida, aprendeu a elevar-se pelo pensamento, sem necessidade do contato com a substância corporal de Cristo, na qual Ele é menor que o Pai, dado que, embora permanecendo a mesma substância do corpo glorificado, a fé dos fiéis é convidada a tocar, não com a mão terrena, mas com o entendimento espiritual, o Unigênito, igual Àquele que O engendrou. É este o motivo pelo qual o Senhor, após a Ressurreição, disse a Madalena - que representava a pessoa da Igreja -, ao aproximar-se para tocá-Lo: ‘Não me toques, pois ainda não subi ao meu Pai' (Jo 20, 17).

Quer dizer, não quero que procures minha presença corporal nem que me reconheças com os sentidos carnais; chamo- te para coisas mais elevadas, destino- te a bens superiores. Quando subira meu Pai, Me tocarás de forma mais real e verdadeira, tocando no que não apalpas e crendo no que não vês".

Fortalecimento da fé

Demonstra-nos São Tomás de Aquino que, privando-nos de sua presença corporal, ao penetrar na glória eterna, Jesus Cristo tornou-se ainda mais útil para nossa vida espiritual.

Primeiro, "para aumento da fé, que é sobre o que não se vê. Por isso, o próprio Senhor diz no Evangelho de João que o Espírito Santo, ao vir, ‘argüirá o mundo a respeito da justiça', ou seja, da justiça ‘dos que crêem', como diz Santo Agostinho: ‘A própria comparação dos fiéis com os infiéis é uma censura'.

Por isso, acrescenta: ‘Porque Eu vou para o Pai e não Me vereis mais, pois são bem-aventurados os que não vêem e crêem. Será nossa a justiça, de que o mundo será argüido, porque credes em Mim, a Quem não vedes'".

A esse propósito, São Gregório Magno externa sua convicção: "Com sua facilidade em crer, Maria Madalena nos aproveita menos do que Tomé duvidando por muito tempo, porque este, em meio a suas dúvidas, exigiu tocar as cicatrizes dessas chagas, e com isso nos tirou todo pretexto para vacilação".

Aumento da esperança

Em segundo lugar, "para reerguer a esperança", pois, "pelo fato de Cristo ter elevado ao Céu sua natureza humana assumida, deu-nos a esperança de lá chegarmos, porque ‘onde quer que esteja o corpo, ali se reunirão as águias', como diz Mateus. Por isso, diz também o livro de Miquéias: ‘Já subiu, diante deles, Aquele que abre o caminho'".

Abrasamento da caridade

Uma terceira razão, ainda segundo São Tomás, torna a Ascensão mais benéfica a nós do que a própria presença física de Nosso Senhor, e esta se refere à caridade. Na seqüência dessa mesma questão da Suma, o Doutor Angélico, a fim de nos mostrar as vantagens para essa virtude, cita São Paulo: "Por isso, diz o Apóstolo: ‘Procurai o que está no alto, lá onde Se encontra Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas de cima, não às da terra', pois, como foi dito, ‘onde estiver o teu tesouro, ali também estará o teu coração'". E, após discorrer sobre o amor enquanto propriedade do Espírito Santo e a respeito da grande necessidade que dele tinham os Apóstolos, termina com esta citação de Santo Agostinho: "Não podeis receber o Espírito enquanto persistirdes em conhecer a Cristo segundo a carne.

Pois quando Cristo Se afastou corporalmente, não só o Espírito Santo, mas também o Pai e o Filho estavam espiritualmente em presença deles".