quinta-feira, 12 de agosto de 2010

ESPECIAL: SEMANA DA FAMILIA - O Decálogo dos esposos


Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

       Há estratégias espirituais para se viver em plenitude o Sacramento do Matrimônio, alicerçando a constância prometida diante do Altar de Deus. Almas nobres não fazem pactos efêmeros, mas todo cuidado é pouco para que tal nobreza não seja jamais maculada. Cumpre em primeiro lugar viver o simbolismo das alianças que são abençoadas no dia do enlace matrimonial. Elas são o símbolo vivo de um compromisso de lealdade de um para com o outro. O casamento institui entre os esposos um liame forte e durável semelhante àquele que Deus quis entre Ele a humanidade. O termo aliança aparece duzentos e noventa e nove vezes na Bíblia. A Noé disse o Senhor: “Ponho o meu arco nas nuvens, para que ele seja o sinal da aliança entre mim e a terra (Gn 9,13).
        A aliança dos esposos é penhor de sua lealdade mútua. Em segundo lugar, cumpre salientar o amor que fulge desta união profunda entre duas almas. Não se pode amar sem ser amado ou simplesmente amar o amor. A dileção que há entre duas pessoas no casamento é uma mistura composta de afeições diversas. Há desejo, paixão, confiança e respeito. Supõe também a vontade de preservar o amor que torna tudo fácil, venturoso. Quando surgem as provas conjuntamente vencidas e qualquer outra turbulência própria do exílio terreno este liame tecido através dos anos, com a graça de Deus, se torna dia a dia mais sagrado, inviolável. O fruto deste amor são os filhos que são também objeto de uma afeição sem limites e recebidos como outros dons preciosos do Criador.
        Por tudo isto no casamento não pode faltar o desejo. Anseio de fundar uma família e de dilatar a vida afetiva. O desejo é um dos motores da vida conjugal que deve ser sempre revigorar, pois o verdadeiro afeto tudo revigora alargando as aspirações vividas num porvir continuamente planejado que não permite nunca a rotina, o desgosto, as lamentações inúteis e perniciosas. Adite-se a fecundidade abençoada, dado que os filhos devem ser o reflexo do amor que seus pais irradiam. Há outras facetas da fecundidade nas quais nem sempre se pensam: fecundidade no trabalho, na vida social, no adjutório aos outros, no adjutório aos outros casais que podem estar em crise, prestes a se desunirem. Esta fecundidade se manifesta ainda na visão que os esposos têm de que na sua prole eles prolongam através do tempo sua passagem por este mundo, deixando uma descendência gloriosa. Em tudo há de prevalecer a fidelidade. Esta só é possível com a proteção divina para que se vençam as dificuldades naturais a um exílio deste mundo.
         Para isto um há de perceber o perfil caracterológico do outro para que na junção das qualidades de ambos, as fraquezas humanas de cada um sejam inteiramente superadas. A fidelidade se liga à compreensão mútua. Cumpre captar as pretensões do consorte para que qualquer laivo de intransigência não seja o princípio de rusgas as quais podem se tornar fatais. Um só coração e uma só alma e nada poderá romper a constância da dileção. Acrescente-se a liberdade, ou seja, o casamento deve ter sido resultado da união de duas pessoas que se conheceram e não se uniram por qualquer injunção externa, livre de qualquer pressão psicológica. Se tal tiver ocorrido os limites de cada um serão respeitados, porque livremente quiseram viver uma vida em comum. Foi no emprego de seu livre-arbítrio que deixaram o pai e a mãe para se tornarem uma só carne. Esta liberdade afiança a perseverança de um passo dado sem a intromissão seja de quem for ou por outros interesses escusos. Em conseqüência de tudo isto é preciso que haja continuamente o perdão mútuo. Apenas Deus é perfeito. Onde há a criatura humana há falhas, fraquezas. Todas as feridas podem e devem ser logo sanadas. O indulto imediato faz progredir a realidade da ternura. Nunca um casal repetirá demais “Jesus manso e humilde de coração fazei o meu coração semelhante ao vosso”! Cumpre deixar para falar as coisas certas no momento certo, pois as proferir no momento errado é causar desordem dentro do lar.
      Agregue-se a tudo isto a vivência sacramental, isto é, a valorização da graça que foi dada um ao outro perante o representante da Igreja. Os noivos são, de fato, os ministros deste sacramento, sendo o sacerdote a testemunha autorizada do juramento sagrado que foi feito perante Deus. Eis porque a comemoração anual do dia do casamento reforça este importante aspecto que não pode ser olvidado. Finalmente, não se deve esquecer o valor da sexualidade bem esclarecida que é um ingrediente da vida amorosa, harmoniosa e garantia também de um matrimônio feliz. Para tanto os cônjuges devem cuidar de seu corpo com o nobre fim de sempre haver uma conquista diária um do outro. Daí o cuidado no modo de se vestir, de falar, de agir. O desleixo próprio pode afetar o relacionamento conjugal. Além destes dez aspectos, nunca se poderá deslembrar o que diz um refrão famoso, que pode ter perdido sua força de tanto ser repetido, mas que revela algo imprescindível que é a oração no lar: “A família que reza unida, permanece unida”.

*Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Fonte: Arquidiocese de Mariana/MG

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