domingo, 9 de janeiro de 2011

É possível dividir o coração entre dois amores?

Para algumas pessoas, o amor passa por um crivo racional antes de ser expresso ou vivenciado. Ou seja, é ditado mais por valores do que por impulsos. Para outras, é pura emoção. Ou seja, amor é praticamente sinônimo da autêntica paixão.
         Dinâmicas à parte, o fato é que há muito do amor que nenhum de nós consegue explicar, dimensionar ou compartimentar, ainda mais quando se trata das relações conjugais – já tão complexas por si só.
         No entanto, como o futuro é incerto e o destino de cada um jamais se revela antes da hora, podemos afirmar que ninguém está à salvo de se flagrar com o coração confuso e perturbado entre dois amores.
        Talvez sejam essas as palavras que mais traduzam os sentimentos de quem se vê, de repente, sem conseguir fazer uma escolha tão importante quanto “com quem ficar”. Com as duas? Com nenhuma? E se decidir por uma, como abrir mão dos encantos da outra e vice versa?
       Acontece que nada, absolutamente nada nesta vida é somente bom ou somente ruim. Não podemos dividir as pessoas em “tudo o que amo nela” e “tudo o que não gosto”. Argumentos como “fulano é divertido, bem-humorado e criativo, enquanto que cicrano é romântico, responsável e bem-sucedido” só servem para demonstrar ainda mais o quanto não estamos comprometidos com o amor e sim com nossos caprichos pessoais.
          Amor é, acima de tudo, aprendizado, crescimento, evolução. É a oportunidade suprema que cada um de nós tem para reconhecer não as qualidades ou as limitações do outro, mas sim as nossas próprias. Não as dificuldades e os erros do outro, mas sim os nossos. Como tão bem profetizou Rainer Maria Rilke:
          "Amar outro ser humano é talvez a tarefa mais difícil que a nós foi confiada, a tarefa definitiva, a prova e o teste finais; a obra para a qual todas as outras não passam de mera preparação".
          Portanto, se você se descobrir confuso entre duas pessoas, sem saber em quem investir ou, pior, desejando investir nas duas ao mesmo tempo, imagine como se estivesse navegando por um mar imenso, intenso e profundo estando em dois barcos ao mesmo tempo, com um pé em cada barco... Impossível alcançar estabilidade. Impossível determinar um roteiro. Impossível chegar a qualquer lugar. E mais do que isso: perigoso, muito perigoso!
          Sim, certamente essa imaginação não é suficiente para que você consiga chegar a um novo cenário para esta história. Minha sugestão é para que você ouça cuidadosa e atentamente o que diz seu coração. Ele sabe a resposta, antes mesmo de sua razão. Se estiver difícil, pegue uma folha de papel e escreva tudo o que você mais gosta em cada uma e tudo o que você não gosta. Reflita sobre o que está em sintonia com o que reconhece em você mesmo, inclusive as limitações, os “defeitos”.
          Lembre-se de que amamos ou odiamos aquilo que está, antes de mais nada, dentro de nós mesmos. Admiramos aquilo com o que nos identificamos. Desejamos o que nos complementa. E nesta mesma proporção, escolhemos conforme a clareza de nossa própria consciência.
          Se o seu coração está dividido, pare e perceba o que é que você está realmente buscando: felicidade ou perfeição? Aprendizado ou respostas prontas? Compromisso ou justificativas para suas próprias inseguranças? E assim, muito mais voltado para si mesmo do que para qualquer outro amor, terminará descobrindo que amar o outro é um exercício diretamente proporcional ao de amar a nós mesmos!

Um comentário:

  1. Muito bom esse post, gostei mesmo. É muito importante esse tipo de assunto principalmente para quem está começando a vida amorosa agora que tem dessas coisas. Já passei por isso e o interessante é dizer que, não dava para pesar nada. Vamos dizer que uma pessoa me levava a Deus (meu noivo Orlando Jr) e a outra pessoa me levava ao mundo diremos assim. Quando eu pensava em Orlando, pensava em castidade, formação de família, oração, compromisso, amor, perdão, paciência. Quando pensava na outra pessoa via paixão, sexo sem compromisso, separação, traição, lágrimas, sofrimento, falta de compromisso, egoísmo. Pois é esse tipo de coisa que o mundo nos mostra quando não sabemos viver nele. Quem vê assim diz, e tinha o que escolher? Tá na cara! Mas Deus sabe o que sofri para encontrar respostas, e ainda não encontrei. MEu noivo está na minha vida como homem, digamos assim, há 5 anos. O outro rapaz me chamava a atenção há 10. Nunca tive dúvida do meu amor por Orlando, mas o fato de outra pessoa me tirar o sono me desesperava, eu me achava uma traidora. Mas após muita oração, joelho no chão, e conversa a dois eu e meu pequeninho superamos isso. Mas só foi possível por que estávamos e estamos juntos. Hoje, a outra pessoa é muito amada por mim, mas como um irmão.

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