sexta-feira, 27 de maio de 2011

O Embaixador de Cristo

Todos os preparativos para o Santo Sacrifício estão concluídos; o altar está pronto; uma multidão de almas devotas, absortas em Deus, está em expectativa. Reina um silêncio solene na casa de Deus. A luz tênue de duas velas bentas mal dissipa as sombras da penumbra matinal. Passos quebram o silêncio sagrado. Um sacerdote avança em vestes separadas para o ofício Divino e com semblante sério. Ele se aproxima vagarosa e reverentemente do altar, faz uma genuflexão, sobe os degraus, pousa o cálice velado que carrega em sua mão sobre o corporal, desloca-se para o lado da Epístola e abre o missal. Em seguida ele retorna ao meio do altar, se inclina para o Crucifixo, desce os degraus e começa o mais sublime dos rituais – A Santa Missa.

Quem é esse padre? Ninguém menos que o Embaixador de Cristo, o Mediador entre Deus e seu povo. Ele pode ter vindo de uma fazenda tranqüila ou do barulho de uma cidade agitada; seu berço pode ter ficado em uma aldeia humilde ou em uma mansão esplêndida; tudo isso não significa nada e não altera nada na natureza eminente e sublimidade de sua missão. O que lhe confere essa dignidade e grandeza singulares não vem dos homens: o Próprio Deus imprimiu em sua alma uma marca misteriosa e indelével que o coloca acima de todos os poderosos da terra. O céu lhe deu uma missão e autoridade especiais; daí toda porta lhe é aberta dentre os católicos; para eles ele é o embaixador de Cristo, um sacerdote, que tem o direito de subir os degraus do altar e oferecer sacrifício em seu nome.

Quando Deus deseja nos dar ordens, promessas, admoestações ou graças, Ele não se utiliza de um anjo, mas de um padre. Tudo deve passar através das mãos deste homem extraordinário. E ai daquele que despreza o seu ofício e missão, que o persegue ou entristece! Porque tal pessoa despreza o próprio Deus, persegue o próprio Deus, ofende o próprio Deus. Jesus declarou isso de uma maneira solene. Por outro lado, feliz o cristão que honra o padre! Feliz a família que o recebe! Mas o padre não é apenas o embaixador de Deus; ele é, ao mesmo tempo, o embaixador do homem perante Deus.

Dignidade e Poder do Sacerdote

Um embaixador de Deus! Quantas vezes ele anunciou do púlpito notícias celestes aos fiéis! Quantas vezes ele lhes falou de suas obrigações vinculativas, de esperanças imperecíveis, de recompensas e punições eternas! Agora ele sobe ao altar. Dentro em breve ele dirá palavras misteriosas de poder assombroso, e o Deus todo-poderoso e imortal, obedecendo a sua palavra, estará verdadeiramente presente no altar. O sacerdote O elevará perante os fiéis ajoelhados e O dará às almas que crêem Nele, anseiam por Ele, buscam-no, amam-no e desejam viver através Dele.

O sacerdote, em união com Jesus Cristo, oferece a adoração, ação de graças, expiação e petição do homem ao Pai Celeste, que recebe esse dom com complacência. Em nosso nome e para a nossa salvação o padre oferece ao Pai Eterno Seu Filho unigênito, Jesus; ele oferece a Deus os méritos infinitos da vida de Jesus sobre a terra, e especialmente Sua Morte sacrifical no Calvário. Que anjo de Deus pode se comparar com o sacerdote em grandeza e dignidade?

O sacerdote negocia com Deus sobre assuntos mais importantes da vida – sobre os assuntos da alma! Ele eleva sua mão em absolvição, pronuncia palavras de perdão, e o fardo do pecado é suspenso da alma arrependida! Ele se coloca de pé ao lado do leito do agonizante, e equipa a alma que parte com os meios para travar o seu último combate de maneira exitosa. É a sua palavra que sela e dá validade ao pacto de paz que é feito diariamente entre a terra e o Céu.

Reis e governantes desta terra freqüentemente experimentam o cetro lhes sendo arrebatado das mãos, a púrpura real despedaçada de seus ombros, e eles mesmos enviados para o exílio. Porém, o sacerdote, o embaixador de Cristo, permanece um sacerdote para sempre. Deus nunca vai privá-lo de seu cargo. De todos os embaixadores que falam e agem em nome de um soberano, o padre católico sozinho pode, até o seu último suspiro, tratar com o seu Mestre com plena autoridade em nome da humanidade e com a humanidade em nome de Deus.

Será que pensamos em sua dignidade sublime quando encontramos um sacerdote na rua, ou o vemos no altar no ato da celebração da Missa?

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