domingo, 8 de janeiro de 2012

O protestantismo e sua Genealogia - Parte 2

Os Metodistas

John Wesley
O Fundador do Metodismo é John Wesley. Este participava juntamente com o seu irmão Charles de uma "comunhão" semanalmente na Universidade de Oxford, no qual praticavam o jejum, a santidade e a caridade. Devido a regularidade da sua vidas ambos eram chamados de metodistas, designação esta que conservaram. Em 1738, Wesley, após julgar ter recebido o testemunho de que conseguiria a salvação, começou a pregar e a formar pequenas comunidades em Londres e Bristol. Em 1739, passaram a pregar em casas particulares e praças públicas e não mais em templos, por não terem sido reconhecidos pela religião anglicana (oficial na Inglaterra). Posteriormente, Wesley deu a nova comunhão constituição eclesiástica própria e ele mesmo impôs as mãos e nomeou um dos seus ministros "bispo metodista". Portanto é assim que o metodismo tem os seus "bispos" no sentido impróprio da palavra, pois lhes falta o essencial, ou seja, a sucessão apostólica.
           A atenção dada ao Espírito Santo e à santificação pessoal, sentida pela experiência da ação do Espirito Santo no íntimo do crente (subjetivismo), prepara o surto dos grupos pentescostais no século XX, que começaram com o desejo de Holiness (Santidade) nos Estados Unidos.

Os Batistas
Os batistas têm por fundador o inglês John Smyth (+1617). Foi, primeiramente, pastor anglicano. Movido pelo espirito reacionário que agitava não poucos cristãos de sua pátria, queria uma reforma ainda mais radical do que a anglicana; em particular, não se conformava com a organização hierárquica (episcopal) e a liturgia dos anglicanos, que ele julgava supérfluas. Foi influenciado pelas idéias anabistas ( não reconhecimento da tradição cristã de batismo em crianças, presente na igreja primitiva e também na católica) e pregava assim o rebatismo em todo o crente batizado quando criança. Por isso formou, em Gainsborough, uma pequena comunidade dissidente do anglicanismo no ano de 1604; foi, porém, obrigado a se exilar com os seus companheiros, indo ter a Amsterdam (Holanda), onde o calvinismo predominava. Na verdade, afastam-se da tradição bíblica e cristã pois lemos que vários personagens pagãos professaram a fé cristã e se fizeram batizar "com toda a sua casa"; assim o centurião romano Cornélio (At 10, ls.24.44.47s), a negociante Lídia de Filipos (At 16,14s), o carcereiro de Filipos (At 16,31-33), Crispo de Corinto (At 18,8) e a família de Estéfanas (1 Cor 1,16). A expressão "casa" (oikos, em grego) designava o chefe de família com todos os seus domésticos, inclusive as crianças.
           Cada comunidade batista é independente de qualquer autoridade visível, seja eclesiástica, seja civil; é regida diretamente "por Jesus Cristo e pelo Espírito Santo", que agem na assembléia. Esta tem todo poder de eleger os seus pastores e diáconos e substituí-los, não havendo, portanto, hierarquia nem jurisdição eclesiástica.
           Em sua teologia, os batistas seguem teses calvinistas. Assim, por exemplo, ensinam que Deus predestina os homens, diretamente não só para a glória, mas também para a condenação eterna. Afirmam também que a justificação ou a graça é obtida mediante a fé apenas e esta encobre os pecados.
           Professam os "sacramentos" do batismo e da Santa Ceia, todavia estes não são meios comunicadores da graça (que vem somente pela fé), mas servem apenas para fortalecer aqueles que os praticam com fé. Logo, divergem da Tradição cristã primitiva (seguida pelo catolicismo) no qual o sacramento é um canal da graça que realiza seu efeito ou comunica a graça mesmo a uma criancinha antes do uso da razão
          Hoje em dia se contam mais de 20 ramos batistas, que em 1905 se uniram de maneira um tanto vaga na Liga Mundial Batista; são, entre outros, os batistas calvinistas, os batistas congregacionalistas, os batistas primitivos, os batistas do livre pensamento, os batistas dos seis princípios (porque aceitam como único fundamento da fé e da vida cristã os seis pontos mencionados em Hb 6,1s: arrependimento, fé, batismo, im-posição das mãos, ressurreição dos mortos, juízo eterno), os batistas tunkers, os batistas campbellitas, os batizantes a si mesmos, os batistas abertos, os batistas fechados, os batistas do sétimo dia (observantes do sábado e não do domingo), etc.

Os Adventistas

O fundador da denominação adventista (termo que quer dizer vinda) é William Miller camponês nascido de pais piedosos batistas. Em 1816 de acordo com a sua interpretação de uma passagem bíblica (Dn 8,5-11), Miller chegou a conclusão que a segunda vinda de Jesus se daria em 1843. Erroneamente interpretou os 2300 dias mencionados na passagem como se fosse anos. Quando a comunidade batista o excomungou, em 1843, Miller tinha realizado várias assembléias nos campos, com a participação de milhares de ouvintes. O ano passou e nada aconteceu e Miller refez o cálculo para 1844. Esta nova previsão falhou e é desta época a origem do termo adventista. Na verdade, as previsões são contrárias ao evangelho que no diz: "Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem mesmo os anjos do céu, mas somente o Pai" (Mt 24, 36).
            Como as suas previsões falharam, os adventistas justificaram o seu erro dizendo que Jesus estava a examinar os homens defuntos, aprovando ou reprovando cada um deles. Quando esta obra gigantesca acabasse, os vivos passariam pelo mesmo jugalmento, e o fim estaria próximo. Nota-se aqui a idéia do homem como ser mortal e a morte física como um estado de repouso (inconsciência) das almas. Isto é uma interpretação judaica do Antigo Testamento que defendia a tese do "cheol" ou região subterrânea onde, após a morte, as almas dos bons e dos maus adormeceriam (Sl 87,11-13; Is 38,18s...). O Novo Testamento, ao declarar a superioridade da nova aliança, ensina que logo após a morte o homem entra na sua sorte definitiva; os bons verão a Deus face a face (Fl 1,21-23; 2Cor 5,6-10; 1Jo 3,1-3...).
             Atualmente, devidos a cisões comuns a todos os protestantes, os Adventistas se dividem em: adventistas evangélicos, a Igreja de Deus, adventistas do sétimo dia (defendem os Sábados como dia santo e não os Domingos, como tradicionalmente fazem os demais cristãos por ser o dia da ressurreição de Jesus) a União da Vida e do Advento, adventista da era vindoura...

Os Pentecostais

O movimento pentecostal tem a sua origem nos Estados Unidos no final do século XIX e início do século XX. Surgiu dentro do metodismo como um novo movimento de renovação dito "Holiness" (Santidade). Esse movimento ensinava que depois da conversão (necessária para a salvação) o cristão deveria passar por uma "segunda benção" ou uma nova e mais profunda experiência religiosa, que era chamada de "batismo no Espírito Santo".
           Em 1900 um grupo de metodistas que tinham aderido ao "Holiness", após interpretarem passagens da Bíblia (At 2,1-12; 10, 44-48; 19, 17), chegaram a conclusão que o sinal característico do batismo em línguas é o dom das línguas (Glossolalia). Posteriormente o grupo buscaram os outros dons do Espírito Santo, entre os quais a cura de doenças pela imposição das mãos.
             Todavia, como em todo o protestantismo, estes grupos se dividiram e acabaram por formar novas comunidades religiosas. Não é a toa que o pentecostalismo é o ramo do protestantismo que possui o maior numero de grupo e seitas completamente independentes entre si, estão hoje divididos em milhares de agremiações, e isto é contrário a união entre os cristãos pregada pelo Evangelho. Não tem sacramentos, pois, como os batistas, estes não são meios comunicadores da graça (que vem somente pela fé), mas servem apenas para fortalecer aqueles que os praticam com fé.

No Brasil os pentecostais se subdividem em vários seitas. Veremos, abaixo, bem rapidamente as duas seitas pentecostais de maior número e que mas crescem no Brasil.

Assembléia de Deus:. Esta seita tem a sua origem numa assembléia geral de pastores de várias agremiações que se uniram e formaram em 1914 na cidade de Hot Springs (EUA) a Assembléia de Deus. No Brasil, o movimento pentecostal que deu origem a Assembléia de Deus foi o primeiro a chegar (no 1910, em Belém) por intermédio de dois jovens suecos. Este movimento, como todo pentecostal, caracteriza-se por ter uma mentalidade pouco crítica e também pela interpretação da Bíblia ao "pé da letra".
Universal do Reino de Deus: Esta seita foi fundada no Brasil em 1977 por Edir Macedo Bezerra. Quatro anos mais tarde ele e o seu cunhado Romildo Soares se outorgaram "bispos". Em 1991, segundo a entrevista concebida pelo seu cunhado, após ter rompido com Edir Macedo, o fundador da seita teria dito que "este negocio de bispo serve apenas como título para envolver os católicos". O grande interesse de sua doutrina não é o louvor a Deus e a sua adoração. Mas é o serviço do homem, numa espécie de pronto socorro. Concomitantemente, o culto a Deus torna-se secundário, afastando-se do principio básico da religião que é de ser teocêntrica (Glorificar à Deus) e não antropocêntrica (satisfazer os desejos do homem).

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