quarta-feira, 15 de junho de 2011

Virtudes Cristãs




Com o Pentecostes, ou seja, com a vinda do Espírito Santo o Cristão recebeu Dons e Frutos que devem ajudar ou fortalecer o seguimento de Jesus, vivendo virtuosamente a nossa fé e vida Cristã.

Mas o que são Virtudes?

Diz São Paulo na sua carta aos Filipenses: "Ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, tudo o que há de louvável, honroso, virtuoso ou de qualquer modo mereça louvor" (Fl 4,8). Portanto, a virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si. Com todas as suas forças sensíveis e espirituais, a pessoa virtuosa tende ao bem, procura-o e escolhe-o na prática. "O objetivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus." (CIC 1803)



A virtude é o que dá o toque de perfeição no ser e no agir da natureza humana; sobretudo se o homem vem elevado e enobrecido pelas virtudes sobrenaturais. A natureza age através dos sentidos: vemos com os olhos, ouvimos com os ouvidos, conhecemos com a inteligência, etc. Se esses sentidos forem exercitados, adquirem formas estáveis de atuação, que pela repetição, se tornam hábitos. Se forem bons, são chamados de virtudes; se forem maus, vícios. Deste modo, a virtude é uma qualidade boa, que aperfeiçoa de modo habitual as potências humanas, inclinando o ser humano a fazer o bem.



Virtudes teologais

As virtudes mais excelentes são as virtudes teologais (fé, esperança e caridade) que se referem diretamente a Deus.

A fé define-se como “a virtude pela qual cremos firmemente em todas as verdades que Deus revelou, baseados na autoridade do próprio Deus, que não pode enganar-se nem enganar-nos”.

A esperança define-se como “a virtude sobrenatural pela qual confiamos que Deus, que é todo-poderoso e fiel às suas promessas, nos concederá a vida eterna e os meios necessários para alcançá-la”.

A caridade, virtude implantada na nossa alma no Batismo, juntamente com a fé e a esperança, define-se como “a virtude pela qual amamos a Deus por Si mesmo, sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, por amor a Deus”. É chamada a rainha das virtudes, porque as outras, tantos as teologais como as morais, nos conduzem a Deus, mas a caridade é a que nos une a Ele. Onde houver caridade, estarão também as demais virtudes.

Virtudes Cardinais ou morais.

Mas também são importantes as virtudes morais, que aperfeiçoam o comportamento do individuo nos meios que conduzem a Deus. Se pensar-se no modo de adquiri-las, umas são virtudes naturais ou adquiridas, pois são conseguidas com as forças da natureza, através de atos bons realizados pelo ser humano. Por exemplo: a sinceridade, a laboriosidade, a discrição, a lealdade... outras são sobrenaturais, pois são concedidas por Deus, de modo gratuito. As virtudes teologais sempre são sobrenaturais ou infusas; mas virtudes morais podem ser adquiridas ou infundidas por Deus. As principais virtudes morais são o fundamento das demais virtudes. São elas a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.

A prudência é a virtude que dispõe a razão prática para discernir – em toda as circunstâncias – nosso verdadeiro bem, escolhendo os meios justos para realizá-lo.

A justiça é a virtude que nos inclina a dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido, tanto individual como socialmente.

A fortaleza é a virtude que no meio das dificuldades assegura a firmeza e a constância para praticar o bem.

A temperança é a virtude que refreia o apetite dos prazeres sensíveis e impõe a moderação no uso dos bens criados. Além das virtudes cardeais, o ser humano deve praticar as outras virtudes morais, especialmente a da religião, a humildade, a obediência, a alegria, a paciência, a penitência e a castidade.

Virtudes e vivencia Cristã.

Às vezes é difícil viver as virtudes naturais porque, depois do pecado original, o ser humano está desordenado e sente a inclinação ao pecado; mas Deus concede a graça que as purifica, elevando-as à ordem sobrenatural, para que ajudem o cristão a obter o fim ao qual está chamado: a eterna bem- aventurança.

Então, as virtudes, sem deixarem de ser naturais, são também sobrenaturais. Com a ajuda de Deus, as virtudes naturais firmam o caráter e levam o homem à prática do bem.

Quando são vividas de verdade, todas as virtudes estão animadas e inspiradas pela caridade. Como diz São Paulo, a caridade é o “vínculo da perfeição” (Col 3,14), a forma de todas as virtudes.

O cristão que intenta viver uma vida segundo Deus, conta com a graça divina e as virtudes, quer dizer, com todos os meios para conseguir o fim a que Deus o chama. Em conseqüência, com a ajuda de Deus e o esforço próprio, há de ir crescendo na virtude. Deus nunca o abandona, e basta que o homem lute para fazer o bem e viver a caridade.

Os filósofos anteriores ao cristianismo falavam da virtude perfeita para qualificar a nobreza do ser humano; mas falavam sob um ponto de vista puramente natural. A Igreja fala, além disso, de virtudes sobrenaturais, que Deus comunica graciosamente ao ser humano e que, quando são vividas em plenitude, levam à santidade. Na proclamação dos santos não se faz outra coisa senão investigar e sancionar que naquela vida existem provas de que tenha praticado, em grau heróico, as virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade, assim como as virtudes cardeais da prudência, justiça, temperança e fortaleza, com as virtudes anexas correspondentes.

E como viver uma vida virtuosa? A resposta não pode ser outra: Devemos pensar no modo de imitar a Cristo; Devemos refletir para aprendermos diretamente da vida do Senhor algumas das virtudes que irão de resplandecer na nossa conduta, pois Jesus Cristo, encarnou-se e assumiu a nossa natureza para mostrar à humanidade que Ele é modelo de todas as virtudes.

Por isso, na intimidade pessoal e familiar, na conduta externa, no trabalho e em qualquer atividade que exerça, cada um deve procurar manter-se em contínua presença de Deus, tendo Cristo como modelo, pois se não nos comportarmos desse modo, seremos pouco conseqüentes com a nossa condição de filhos de Deus. Assim é inconseqüente o homem que assegura querer ser autenticamente cristão, santo, mas que despreza o seguimento de Cristo se no cumprimento das suas obrigações não manifesta continuamente a Deus o seu carinho e o seu amor filial.

Devemos alimentar no fundo do coração um desejo ardente de alcançar a santidade, ainda que nos vejamos cheios de misérias. Mas não podemos nos descuidar, pois à medida que se avança na vida interior, percebe-se com mais clareza os defeitos pessoais. Mesmo assim precisamos procurar atingir o perfeito acabamento até mesmo nas coisas pequenas. Para isso nos servem de modelos os santos: foram pessoas como nós, de carne e osso, com fraquezas e debilidades, que souberam vencer e vencer-se por amor de Deus.

Para viver uma vida virtuosa em busca da santidade não é preciso fazer coisas “esquisitas” ou “estranhas”. Devemos levar um vida normal, procurando cumprir os deveres de nosso estado, executando bem nossas tarefas profissionais, superando-nos, melhorando dia a dia. Sermos leais e compreensivos com os outros e exigentes conosco mesmo.

O convite para a santidade, dirigido por Jesus Cristo a todos os homens, requer de cada um que cultive a vida interior, que se exercite diariamente nas virtudes cristãs. E não de qualquer maneira, pois trata-se de um objetivo árduo. Mas não nos esqueçamos que ninguém nasce santo, ao contrário, forma-se o santo no íntimo relacionamento entre Deus e o homem, já que tudo aquilo que se desenvolve começa por ser pequeno e é alimentando-se gradualmente, mediante progressos constantes, que chega a tornar-se grande.

As virtudes humanas exigem de nós um esforço prolongado, porque não é fácil manter por muito tempo a temperança diante de situações que parecem comprometer a nossa segurança. Em certas situações sofreremos bastante se quisermos cumprir fielmente os nossos deveres, pois atualmente a verdade é desprezada, e aproveitando-se disso para justificar suas atitudes errôneas, muitos alegam que ninguém diz ou vive a verdade. Porém, a prudência exige que sejamos sinceros e verdadeiros e não fujamos do dever, porque esquivar-nos a ele demonstraria uma falta de consideração e mesmo um atentado grave contra a justiça e contra a fortaleza. Por isso, um cristão, que pretende conduzir-se retamente diante de Deus e diante dos homens, precisa de todas as virtudes, não se esquecendo de que Deus a criou para a santidade.

Precisamos Esforçar-nos por não perder nunca este “ponto de mira” sobrenatural que é Jesus Cristo, mesmo na hora do lazer, do descanso ou do trabalho. Não nos esqueçamos, também, que uma vida virtuosa não se reduz a um simples testemunho de práticas piedosas. Somos cristãos, mas ao mesmo tempo, cidadãos do mundo. Se quisermos nos santificar de verdade, por amor a Deus e para correspondermos à nossa vocação de cristãos, temos que dar exemplo. Temos que esforçar-nos por oferecer com a nossa conduta o testemunho de uma pessoa responsável e mostrar que só contando com Jesus é que conseguiremos alcançar a vitória; nós, sozinhos, não podemos nada.

Portanto, cada um na sua tarefa, no lugar que ocupa na sociedade, tem que sentir a obrigação de agir como pessoa de Deus, que semeie por toda a parte a paz e a alegria do Senhor, já que o cristão perfeito traz sempre consigo a serenidade e a alegria. Serenidade, porque se sente na presença de Deus; alegria, porque se vê rodeado dos dons divinos.

Quando desempenhamos nossas atividades com o propósito de santificá-las, as virtudes entram em ação: a fortaleza, para perseverarmos no trabalho, apesar das naturais dificuldades e sem nos deixarmos vencer nunca pelo desânimo; a temperança, para nos doarmos sem reservas e para superarmos o comodismo e o egoísmo; a justiça, para cumprirmos os nossos deveres para com Deus, para com a sociedade, para com a família, para com os colegas; a prudência, para sabermos em cada caso o que convém fazer. E tudo, por Amor, movidos pela caridade.

É este é o segredo da santidade: Deus chamou a todos nós para que o imitássemos, vivendo no meio do mundo, colocando Cristo no centro de todas as atividades humanas honestas, pois ninguém se salva sem sua graça e se o indivíduo conserva e cultiva um princípio de retidão, Deus iluminará seu caminho e poderá ser santo, porque soube viver como homem de bem. Se aceitamos a nossa responsabilidade de filhos de Deus, devemos ter em conta que Ele nos quer muito humanos. Quer que a cabeça toque o céu, mas que os pés assentem com toda a firmeza na terra. O preço de vivermos cristãmente não é nem deixarmos de ser homens nem abrirmos mão do esforço de adquirir as virtudes.

Resumindo, Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Ele deixou sobre este mundo pegadas claras para seguirmos. Mas nós, às vezes, não conseguimos descobrir o caminho e segui-lo, porque olhamos com olhos cansados ou turvos. Para nos aproximarmos de Deus, temos de enveredar pelo caminho certo, que é a Humanidade Santíssima de Cristo, o Filho de Deus, Homem como nós e Deus verdadeiro, que ama e que sofre na sua carne pela Redenção do mundo. Seguir Cristo: este é o segredo. Acompanhá-lo tão de perto que vivamos com Ele, como aqueles primeiros Doze; tão de perto, que com Ele nos identifiquemos. O Senhor reflete-se na nossa conduta como num espelho. Se o espelho for como deve ser, reproduzirá o semblante amável do nosso Salvador sem o desfigurar, sem caricaturas e os outros terão a possibilidade de admirá-lo e segui-lo.

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