sábado, 31 de outubro de 2009

Todos os Santos



Haverá outro fim que não seja o de chegar ao reino que não tem fim?

A árvore arrancada, cortada pela raiz, e depois de novo plantada – o salgueiro, por exemplo – de novo cresce, de novo floresce; não viverá de novo o homem a esta terra arrancado? Os grãos ceifados repousam, dormem nos celeiros e renascem na primavera; e o homem ceifado, lançado nos celeiros da morte, acaso não renascerá? A cepa da vinha, o ramo cortado da árvore, transplantados, avivam-se e dão frutos; e o homem, para o qual tudo foi criado, porque caído, não se poderá reerguer?

Contemplai também o que se passa à nossa volta. Meditai no quadro deste vasto universo. Semeio trigo ou qualquer outro grão; tomba, apodrece e não pode servir para alimento do homem. Mas dessa mesma podridão renasce, ergue-se, multiplica-se; apenas semeei um grão e colho vinte, trinta ou mais. Para quem foram eles criados? Acaso o não foram para nosso uso? Não foi por si mesmos que todos estes grãos saíram do nada. Mas se o que para nós foi criado morre e renasce, como seríamos nós, nós, por causa de quem todos os dias este prodígio se opera, excluídos dum tal benefício? Para nós, também, haverá ressurreição. (São Cirilo de Jerusalém)

Oh, quão grande será esta felicidade, quando, terminado todo o mal, brilhando todo o bem sua mesma luz, mais não nos entregarmos que aos louvores de Deus que está tudo em todos! (...)
Eis que aí residirá a verdadeira glória que nos não será dada nem por erro, nem por favor; eis a verdadeira honra que não será recusada a quem a merecer, nem concedida àquele que dela não for digno; e não pode haver candidato indigno onde ninguém poderá estar se não for digno; eis enfim a verdadeira paz, onde nada se sofrerá de contrário a nós mesmos ou a outros. A recompensa da virtude será o mesmo Autor da virtude, que a Si se prometeu dar, recompensa a maior e a melhor que pode ser (...)
Será Ele o fim de nossos desejos, Ele, Aquele que sem fim veremos, que sem desgosto amaremos, que sem fadiga louvaremos. Esse dom, esses sentimentos, essa ocupação, certamente a todos serão comuns, como o será a mesma vida eterna. (...)




A vontade desta Cidade Santa será, pois, una em todos e indivisível em cada um; vontade livre, liberta de todo o mal, cheia de todos os bens, para sempre desfrutando das eternas alegrias no esquecimento de seus pecados e suas misérias, mas não no esquecimento da libertação e reconhecimento que ao seu libertador deve. (...)


Eis que então seremos em paz e veremos; veremos e amaremos; amaremos e louvaremos. E eis que isto será o fim sem fim. E haverá, para nós, algum outro fim que não seja o de chegar ao reino que não tem fim? (Santo Agostinho)

Há a Comunhão dos santos. Começa em Jesus. Ele está dentro dela. É a cabeça. Todas as orações, todos os sofrimentos juntos, todos os trabalhos, todos os méritos, todas as virtudes de Jesus juntas e as virtudes de todos os outros santos juntas, todas as santidades juntas trabalham e rezam para toda a gente junta, para toda a cristandade, para a salvação de todo o mundo. (...)

Temos que nos salvar todos juntos. Temos que chegar todos juntos junto de Deus. Temos que nos apresentar todos juntos. Não podemos ir para o pé de Deus uns sem os outros. (Charles Péguy)


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